A Brigada Fiscal deixou, em Fevereiro, a Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição, na Póvoa de Varzim. Desde então o "castelo" está fechado. A Câmara aguarda a transferência do imóvel, protocolada com o Estado desde 1999 e teme que a degradação bata à porta.
Corpo do artigo
"Temos um protocolo assinado com o Governo de 1999 (era Fernando Gomes ministro da Administração Interna), que diz que logo que fosse desactivada a Brigada Fiscal, a fortaleza revertia para o município. Estamos a aguardar que seja formalizada a entrega”, disse, ao JN, o presidente da Câmara da Póvoa de Varzim, Macedo Vieira.
No âmbito da reforma organizacional da GNR, o subdestacamento da Brigada Fiscal deixou de estar aquartelado na fortaleza, que mantinha ocupação militar, desde a sua inauguração em 1740.
A Brigada foi extinta e, no seu lugar, criada a Unidade de Controlo Costeiro, sedeada, agora, no antigo posto da Guarda Fiscal de Aguçadoura, também na Póvoa.
Os militares asseguravam a manutenção do imóvel e garantiam a sua abertura ao público, inclusive mantendo à sua guarda a imagem da padroeira da cidade ( Nossa Senhora da Imaculada Conceição), depositada na pequena capela do interior da fortaleza, abandonaram o local.
No interior do “castelo”, como lhe chamam os poveiros, há agora, apenas as memórias dessa ocupação: a cantina da Guarda, a antiga secretaria, a casa do comandante ao lado da pequena capela de Nossa Senhora da Conceição, as antigas camaratas, que acolhiam as colónia de férias dos filhos dos militares. Tudo vazio.
Por agora, e embora a responsabilidade “seja do Estado” – a fortaleza é imóvel de Interesse Público desde 1960 –, a Câmara, com a colaboração dos zeladores da capela (ler caixa), continua a fazer a manutenção do “castelo” e o arranjo dos jardins. Até já tem planos para aquele espaço. “Há um estudo prévio do arquitecto Rui Bianchi. Estamos a repensar esse projecto para o candidatar às verbas da zona de jogo”, realçou.
Segundo Rui Bianchi, a ideia é manter a estrutura “aberta à comunidade” enquanto “espaço ligado às tradições e à história”. “Não aceitamos transformar a fortaleza num espaço de recepção [hotel ou pousada, tal como foi feito em Vila do Conde]. Isso seria voltar a fechá-lo”, frisou.
Assim, de acordo com o estudo, elaborado em 1999, o espaço teria um serviço de cafetaria, aproveitando a vista sobre a cidade; um espaço para a promoção da gastronomia local (peixe, vinhos e carnes) com pequenas tasquinhas; um restaurante, que funcionasse como pequena escola de gastronomia, explorando os pratos e doçarias regionais, com uma sala maior, associada ao espírito da Fortaleza, onde fosse possível recriar os “banquetes” do século XVIII; e um pequeno espaço de alojamento, não hoteleiro, para receber grupos de visitantes.