As juntas de freguesia de Vila Praia de Âncora e de Âncora, ambas do concelho de Caminha, distrito de Viana do Castelo, estão a fazer diligências para resgatar parte de uma antiga ponte Eiffel, que durante cerca de um século serviu aquelas localidades.
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A estrutura foi levada, quatro anos após ser desativada, em 1989, para a Póvoa de Lanhoso, no distrito de Braga, onde está votada ao abandono e subtraída de algumas peças. A saga da velha ponte ferroviária já se arrasta há vários anos, com autarquias dos dois distritos a movimentarem-se no sentido de a recuperar, mas ainda sem decisão.
Nos últimos dias, a junta de Vila Praia de Âncora, anunciou na sua página de Facebook, que representantes daquela freguesia e da de Âncora, visitaram o local onde esta se encontra e que estarão em marcha “ideias para reutilização” da mesma.
O secretário da Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora, Luís Matias, e o presidente da Junta de Freguesia de Âncora, Peter Martins, deslocaram-se ao município da Póvoa do Lanhoso, onde reuniram com o presidente da Câmara Municipal, Frederico Castro, “afim de se inteirarem sobre as intenções desse município relativamente à antiga ponte Eiffel”, descreve a autarquia numa publicação naquela rede social, acompanhada com imagens da visita.
“Continuamos em contacto e aguardaremos decisões e soluções que satisfaçam todas as partes envolvidas”, indica ainda. Na publicação, anunciam que Frederico Castro “não fechou a porta a nenhuma proposta, estando também este município com ideias de reutilização de partes da ponte em locais nobres de Póvoa do Lanhoso”.
Segundo a junta de Vila praia de Âncora, a referida ponte ligou as duas margens do rio Âncora, na zona do Paredão, até ao ano de 1989, mas em 1993 foi levada para o referido município do distrito de Braga “para ser reutilizada em outra travessia, o que acabou por não acontecer, tendo, infelizmente, acabado abandonada num terreno a céu aberto”.
“É intenção das freguesias de Âncora e de Vila Praia de Âncora recuperar uma parte da história das duas freguesias. Muitos de nós, certamente, ainda nos recordaremos de na infância fazermos as travessias a pé, sobre a ponte, para o campo do Âncora Praia Futebol Clube ou das brincadeiras e dos saltos para banhos no rio Âncora”, descreve a mesma publicação. “O estado da travessia metálica é de avançada degradação e foi com alguma tristeza e nostalgia que tiramos estas fotografias, que aqui partilhamos, a uma ponte que tão boas recordações traz”, acrescentam, em referência às imagens publicadas no Facebook.
Numa reportagem de fundo sobre a história desta travessia, publicada pela Rádio Renascença em 2018, Sylvain Yeatman-Eiffel, trineto de Gustave Eiffel, confirmou que esta se trata de “uma das cerca de 80 pontes que a Casa Eiffel fez em Portugal durante vinte anos”. A sua inauguração data de julho de 1878.
Na altura, a Infraestruturas de Portugal (IP), confirmou também que a ponte foi transportada em 1993 para servir de travessia rodoviária entre Garfe e Campo, em Póvoa de Lanhoso. A sua estrutura encontrar-se-á, atualmente, no estaleiro da fábrica de candeeiros DAEL - Indústria Metalúrgica, em Covelas.
Luís Matias, secretário da autarquia de Vila Praia de Âncora, disse, em resposta a um comentário de munícipe no Facebook, que o local pensado para instalação de parte da obra de Eiffel, será “sempre na margem da ecopista junto ao rio Âncora na zona do Paredão”, daquela vila.