Marlene Almeida, a menina de oito anos que, sexta-feira, morreu vítima de inalação de gases de um gerador, em S. Mamede de Recezinhos (Penafiel), no interior de uma carrinha, tinha-se refugiado do frio que se fazia sentir cerca das 18.30 horas, na rotunda junto às portagens da A4/A11. Gozava os últimos dias de férias escolares e acompanhava os pais no negócio da venda de pão com chouriço.
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Queixando-se do frio, Marlene foi para a cabina da viatura ver vídeos no telemóvel, "com o compromisso de que não podia dormir que era perigoso", ter-lhe-ão dito os pais. Mas o certo é que adormeceu.
Pouco tempo depois, o pai, Daniel Almeida, terá dito à mulher, Natália, que "ia à carrinha buscar o casaco e aproveitava para ver como é que estava a filhota", relataram ao JN amigos da família. "Quando lá chegou, julgando que a filha estava a dormir, tentou acordá-la com uma repreensão de que já lhe tinha dito que não podia dormir com o gerador a trabalhar nas traseiras da carrinha. Mas a menina não reagiu". Apercebendo-se da tragédia, "aflito", e com a ajuda do filho Fábio, de 17 anos, arrastou a filha para fora da carrinha. "O irmão tentou reanimá-la como pôde". A tragédia estava consumada.
Na aldeia de Penhalonga (Marco de Canaveses), o dia de ontem foi de incredulidade perante a desgraça. Na missa dos Reis, dedicada às classes da catequese, o padre terminou a celebração com a referência à tragédia, dizendo que "os anjos também morrem".
O corpo de Marlene Almeida será autopsiado amanhã.
Carla Andrade, Catequista
"Os meninos estão tristes. Hoje só vieram três da turma, mas na catequese teremos de falar com eles"
Dalila Cunha, Estudante
"O Fábio [irmão da Marlene] está muito perturbado. Somos colegas de escola e ele não está bem"