Uma funcionária da Santa Casa da Misericórdia de Braga (SCMB), que está de baixa médica, recusa ser “despejada”, segundo a sua própria expressão, da casa que arrendou aquela instituição, onde vive com uma filha de 18 anos. O prazo para deixar o apartamento vazio termina esta segunda-feira.
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Odete Silva, cujo prazo limite para entregar o apartamento vazio à SCMB termina esta segunda-feira, garantiu ao JN que não vai “deixar a casa”. E a explicação para a recusa é simples: “Eu e a minha filha não temos para onde ir morar. Não é por capricho, é por necessidade”.
A funcionária, que há oito meses fraturou três elos da coluna vertebral, foi submetida, na última quinta-feira, a uma Junta Médica, na Segurança Social de Braga, que determinou que continua incapaz para trabalhar, pelo que a baixa foi renovada por mais um mês.
Odete Silva é auxiliar de geriatria no Lar Nevarte Gulbenkian, gerido pela Santa Casa da Misericórdia de Braga. Ao JN, contou que “em seis anos de trabalho” foi o único acidente laboral que sofreu, “a cuidar diariamente, e sempre de madrugada, de dezenas de seniores”.
A conselho do provedor
“Quando estou a fazer todos os tratamentos para voltar ao trabalho o mais rapidamente possível, a Santa Casa da Misericórdia de Braga não renova o contrato de arrendamento, o que, na prática, é um verdadeiro ‘despejo’. É disso que se trata”, salienta.
“Eu estava muito bem numa casa barata, em Vila Verde, quando o senhor provedor me convenceu a arrendar um apartamento à instituição, em Braga, para poder cumprir as noites, o que mais ninguém fazer”, diz Odete Silva.
Desesperada, Odete acusa a instituição de, agora, quando teve o acidente de trabalho a querer mandar com a filha “para o olho da rua”. “Sabem muito bem que não temos onde ir morar, com os preços astronómicos do mercado de arrendamento, em Braga”, remata.
Instituição em silêncio
A Santa Casa da Misericórdia de Braga, assim como o seu provedor, Bernardo Reis, não responderam aos sucessivos contactos realizados pelo JN desde há cerca de um mês, via telefone, email, ou mensagem de texto, para ouvir a sua versão.
Odete Silva, que há menos meio ano ficou viúva, fez já um protesto silencioso, à porta da Segurança Social de Braga. Também já contactou o Tribunal do Trabalho, o Ministério Público e a Autoridade para as Condições do Trabalho.