Realiza-se, esta quinta-feira à tarde, o funeral de Carlos Fernando de Sousa José, um calceteiro de 50 anos que estava desaparecido há cerca de quatro anos, em Vila Meã, Vila Nova de Cerveira, e cujas ossadas foram encontradas perto de casa, no dia 31 de dezembro de 2024.
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A família não se conforma com a tese de morte natural e continua a interrogar-se sobre o que aconteceu no dia 13 de abril de 2021. O caso está a ser investigado pela Polícia Judiciária.
“Foi visto por uma vizinha, por volta das sete e meia da manhã, e a partir daí nunca mais ninguém o viu. É como se a terra o tivesse comido. Evaporou”, conta a irmã, Cristina Sousa, referindo que, no dia do desaparecimento e dias seguintes, foram feitas buscas “por todo o lado”, inclusive no local onde as ossadas acabaram por ser encontradas por um popular, no passado dia 31 de dezembro, a cerca de “dois quilómetros” da habitação onde Carlos vivia com a mãe, de 85 anos.
Nos últimos quatro anos, Cristina, inconformada com a situação - confessa que suspeita “de uma pessoa, mas não tem provas” -, foi divulgando o caso nas redes sociais e na comunicação social, incluindo em programas de televisão. Até que, no dia em que foram encontradas ossadas humanas, teve a certeza que seriam do seu irmão desaparecido.
“Foi tudo muito estranho. Nós suspeitamos que o nosso irmão não desapareceu de livre vontade. Sempre tivemos as nossas suspeitas, tanto que o processo está na mão da Polícia Judiciária do Porto”, afirma. "O meu irmão foi encontrado num sítio que é uma zona de caça, onde passam várias pessoas, incluindo a que o encontrou, disse que ia para ali muitas vezes e nunca viu nada. E, de repente, passados quase quatro anos, foram encontradas as ossadas ali, tudo muito junto. Não pareciam estar ali há quatro anos", relata Cristina.
Os restos mortais foram encaminhados para o Instituto Ricardo Jorge, que comunicou o resultado à família há dois dias. “Ligaram-me na terça-feira a dizer que as ossadas eram do meu irmão e que já podíamos proceder ao levantamento para fazer o funeral”, conta a irmã da vítima.
"Neste momento queremos fazer um funeral digno, porque o meu irmão merece e merece um pouco de paz, mas a luta continua. Queremos saber a verdade, seja ela qual for: se morreu de morte natural, morreu, e se o mataram, que quem o matou pague por isso", apela. "Tenho quase a certeza que o meu irmão não morreu de morte natural", atira ainda Cristina.
Carlos Sousa José era separado e pai de dois filhos, adultos, um deles emigrante nos EUA. Vai ser sepultado, esta quinta-feira, às 17.30 horas, no cemitério de Vila Meã.