Gabrielle passou a depressão pós-tropical e vai intensificar-se esta manhã
O ciclone tropical Gabrielle que atinge os Açores deixou de ser um furacão de categoria 1 e passou a ser uma depressão pós-tropical, mas as preocupações mantêm-se, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
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"O que até agora era denominado furacão Gabrielle, perdeu algumas das suas características que o denominavam furacão. Neste momento, a melhor designação que se aplica é um ciclone pós-tropical", disse à agência Lusa a meteorologista Tânia Viegas.
A meteorologista de serviço na Delegação Regional dos Açores do IPMA, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, esclareceu que, "devido ao ambiente à volta não ser tão favorável à manutenção das características tropicais", o furacão "perdeu algumas das suas características, nomeadamente o "olho"".
"O característico "olho" que nós conhecemos, não está tão visível, não está tão vertical, adquiriu alguma inclinação, e o sistema já não é tão circular, está um pouco mais disperso", explicou.
Contudo, acrescentou, "isto não significa necessariamente - e é o que é válido neste caso -, que tenha perdido intensidade ou que as rajadas de vento passem a ser menores".
"Pelo contrário, há algumas situações, e esta é uma delas, em que essa transição implica até alguma intensificação", apontou.
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Tânia Viegas referiu ainda que as últimas informações apontam para a existência de "alguma desintensificação", mas a previsão para as 6 horas locais (7 horas em Portugal continental) de hoje "aponta para uma nova intensificação, que é justamente quando ele vai estar a passar sobre o grupo Central dos Açores (Pico, Faial, Graciosa, Terceira e São Jorge).
As previsões indicam que a essa hora o Gabrielle vai estar a 44 quilómetros a sueste da ilha Terceira, "muito próximo de terra" e as rajadas previstas serão "com o vento médio de 120 quilómetros por hora [km/h] e [com] rajadas a atingir, pelo menos, os 150 km/h", acrescentou.
"Claro que é um pouco abaixo das 200 [rajadas km/h] que foram inicialmente anunciadas, mas estes 200 seria sempre uma coisa muito pontual. [...] Mas, no entanto, rajadas de 150 km/h são ainda muito intensas e vão, certamente, causar danos. E estamos a falar de uma situação que está a passar-se muito próximo de terra", referiu à Lusa a meteorologista do IPMA nos Açores.
Segundo a responsável, "apesar de não ser "oficialmente" um furacão, mantém a sua intensidade".
"Portanto, esta questão de não ser furacão e ser um ciclone pós-tropical acaba por ser uma questão meramente técnica, não de impacto para a população", afirmou.
Por isso, reforçou, "para a população mantém-se tudo exatamente igual ao que estava".
"Todos os avisos, todos os alertas que foram feitos, mantêm-se perfeitamente válidos nestas novas características que não significam, para já, e não dentro dos horários previstos, uma desintensificação", indicou.
O ciclone tropical Gabrielle começou a atingir os Açores pelas 22 horas locais de quinta-feira.
No Grupo Central (Pico, Faial, Graciosa, Terceira e São Jorge) preveem-se "precipitação forte, vento com rajadas na ordem dos 200 quilómetros/hora de sul, a rodar para noroeste, e agitação marítima com ondas entre os oito e 10 metros de altura significativa, podendo a onda máxima atingir os 14 a 18 metros".
No grupo Ocidental (Flores e Corvo) também haverá precipitação forte e rajadas até 130 quilómetros/hora, com ondulação idêntica à do grupo Central.
Estes dois grupos estão com vários avisos vermelhos do IPMA - o mais grave numa escala de três.
Nas ilhas de São Miguel e Santa Maria (grupo Oriental) são esperadas "precipitação por vezes forte", rajadas entre 100 e 120 quilómetros/hora, e ondas até nove metros de altura significativa.
O Governo Regional declarou situação de alerta até às 18 horas de hoje, nos grupos Central e Ocidental, proibindo determinadas atividades. Nestas ilhas, foram também encerrados serviços públicos não urgentes e essenciais, incluindo escolas.