<p>É exponencial o aumento do número de portugueses a viver na Galiza. A Imprensa local avança que a comunidade lusa passou de 15 mil para mais de 23 mil em apenas um ano e 9850 vivem na província de Pontevedra.</p>
Corpo do artigo
O salário de 950 euros que Felicidade Sá, de 33 anos, uma portuguesa natural de Vila Nova de Cerveira, radicada na localidade galega de Tomiño, paga às suas empregadas por oito a nove horas atrás do balcão da sua cervejaria, pode bem explicar o porquê de haver tanto português a trocar o seu país pelo vizinho. Instalada há dez meses no município galego que apenas é separado pelo rio Minho da sua terra natal, Felicidade há muito que não quer saber do Portugal para nada.
"Emigrei para Santander aos 18 anos, porque trabalhava numa fábrica em Vila Nova de Cerveira e lá não via futuro. Entretanto, vim aqui para a Galiza e fiquei com esta cervejaria há dez meses", conta a proprietária da "Woody Pool", situada na zona centro de Tomiño, e poiso certo para muitos portugueses. "Uns são clientes que vêm do outro lado de propósito e outros não, já estão cá. Há cá muito português a trabalhar e a viver também. Vejo sempre para aí muito carro de matricula portuguesa estacionado nas ruas", refere esta portuguesa, que não tem dúvidas em apontar a principal razão da emigração lusa para a Galiza: "Os ordenados são muito, muito superiores". Que o diga ela própria que, como patroa, paga aos seus empregados mais de 300 euros acima do salário mínimo espanhol, que se se situa um pouco para lá dos 600 euros.
Nos serviços da Conselheria de Tomiño, onde se emitem os cartões de residência informam-nos que, se em 2008 havia 466 residentes estrangeiros, em 2009 esse número cresceu para 498. Não nos especificam as nacionalidades, mas a funcionária que nos atende é peremptória: "A maioria são portugueses". Nos cafés, restaurantes, lojas, na polícia ou na rua, não há quem desminta as evidências.
Mara Caldas, decidiu aos 24 anos rumar de Viana do Castelo para o pequeno município situado na margem galega do Minho, nas imediações da ponte internacional de Vila Nova de Cerveira. Trabalha há pouco mais de um ano no café "Emperador" junto à estrada N551, em Tomiño. Não quer revelar o seu salário, mas confirma que ganha acima do ordenado mínimo espanhol e que os valores andam próximos aos 950 euros que lhe damos como exemplo. "Em termos financeiros, vive-se muito melhor aqui. Compensa viver cá, sem dúvida", afirma.
Também em Espanha há quem decida viver do lado de cá, mas por outras razões, como a qualidade de vida. Esta é pelo menos a tese de Laura Barros, proprietária da imobiliária mais antiga de Cerveira. "Escolhem viver em Cerveira pela tranquilidade. São pessoas que vivem na cidade, que têm poder de compra e que gostam do sossego", descreve a agente, revelando, a título de exemplo, que num só prédio situado em plena vila, tem quatro apartamentos vendidos a espanhóis. "Os espanhóis gostam disto, mas vivem cá e continuam a trabalhar lá", diz.