Ganhar com apenas oito votos de diferença foi para Gonçalo Rocha, novo presidente da Câmara de Castelo de Paiva, "um jogo a pénaltis em que o marcador foi o próprio guarda-redes".
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Jovem professor de História, com apenas 34 anos, o candidato socialista passou parte do dia de ontem a dormir "para relaxar de uma campanha cansativa".
No jardim defronte à Câmara de Castelo de Paiva, os "politólogos" locais desdobram-se em análises. Para uns, a culpa da derrota de Paulo Teixeira foi a candidatura de Paulo Martel (CDS/PP) que "roubou" 320 votos que poderiam fazer toda a diferença para o PSD e para outros a culpa é de um presidente de Junta: António Rodrigues, da freguesia de Raiva.
António Rodrigues apoiou há quatro anos Paulo Teixeira e, desta vez, vai entrar como vereador do PS. Ou seja, a zona sul do concelho paivense votou a favor de nova cor política da Câmara, seguindo a opção do veterano presidente de Junta.
O próprio presidente da Junta não tem dúvidas que "as eleições ganham-se ou perdem-se na Raiva". "Paulo Teixeira não tem uma vitória por mérito próprio. Ele ganhou por uma desavença com o PS, em 1997; depois por causa da tragédia da ponte de Entre-os-Rios e no mandato seguinte porque foi pendurado numa lista independente que liderei. Provei-lhe que a vitória estaria sempre na minha freguesia e, há cerca de um mês atrás, disse-lhe que ia perder as eleições. Fui convidado para a lista dele, mas não aceitei o número quatro", explica António Rodrigues.
"Este resultado não era de esperar", assegura Fernando Rocha, eleitor da freguesia de Real. Também Armando Pinho, da mesma freguesia, admite que foram mesmos os votos do CDS que roubaram a vitória a Paulo Teixeira. "Mudou porque nada ou pouco foi feito nesta terra", afiança Adriano Nunes, da freguesia de Sobrado.
Para o novo presidente de Câmara, que resolveu pôr o sono em dia, a vitória foi como um jogo de futebol. "Dormi sossegadamente até à uma da tarde. Acreditei sempre desde a primeira hora na vitória. Muitos paivenses perceberam que as nossas propostas eram muito concretas e de facto estamos muito satisfeitos", diz Gonçalo Rocha.
"Quando tomar posse, a primeira coisa que vou fazer é pedir uma auditoria financeira à Câmara e torná-la pública. Depois vamos partir para outros objectivos, nomeadamente para combater o desemprego e apostar numa componente social. Teremos que ser muito criteriosos nos investimentos a fazer", afirma Gonçalo Rocha, professor de História, de 34 anos, que no próximo mandato será o rosto do poder local num concelho onde moram ape.nas 14973 eleitores.
