GNR registou 17 ocorrências desde o início do ano, com 23 vítimas. Carros nas bermas prejudicam socorro.
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Até ao final da última semana, a Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPS) da GNR foi chamada para 17 ocorrências no Parque Nacional da Peneda-Gerês, mais quatro missões do que em todo o ano de 2019.
Foram já socorridas 23 vítimas, sobretudo em cascatas do concelho de Terras de Bouro, que têm estado "à pinha". Se, em outros anos, os alertas se dirigiam sobretudo para as questões de segurança, as multidões trazem novos problemas à região: o estacionamento selvagem e mais poluição.
Jacob Alves, coordenador da delegação de Rio Caldo da Cruz Vermelha, não tem dúvidas: "Trata-se de um verão atípico" para o Gerês. Até pelo número de famosos que procurou a região para férias. Em ano de pandemia, há "um aumento significativo da carga humana" nas cascatas e nas praias fluviais, que está a conduzir "a um aumento das ocorrências", diz o responsável.
Faltam cuidados dos visitantes com o vestuário, há mergulhos para lagoas sem profundidade, pais com bebés ao colo em zonas de perigo e desrespeito pelos avisos à entrada das atrações, notam os elementos da UEPS e da Cruz Vermelha, que têm estado unidos no socorro, em colaboração com bombeiros e INEM.
"São zonas de enorme declive que causam dificuldades no acesso e extração das vítimas. Em situações de pessoas desaparecidas, a amplitude térmica muito acentuada em períodos noturnos cria dificuldades", afirma o capitão Manuel Moreira, da UEPS, sublinhando que o estacionamento abusivo tem trazido outros problemas aos meios de socorro. "É um estacionamento selvagem. É preciso criar condições para os meios de socorro desempenharem a sua função", lamenta Jacob, enquanto vislumbra os carros parados em qualquer esquina junto à cascata do Tahiti, um dos pontos mais críticos.
Lixo por todo o lado
Aos problemas com acidentes e estacionamento, Rui Barbosa, ativista e membro do projeto "Gerês Seguro 2020", junta a poluição. Há lixo que se acumula junto aos ecopontos e recantos naturais usados como casas de banho. "Numa das ações no miradouro da Pedra Bela, à primeira vista pareceu que não vimos muito lixo. Mas bastou uma voltas às rochas para se descobrirem latrinas a céu aberto. Era papel higiénico e lenços por todo o lado", lamenta Rui Barbosa.
POSTO DE EMERGÊNCIA DO INEM
Desde 15 de agosto, a delegação de Rio Caldo da Cruz Vermelha, em Terras de Bouro, passou a ser um posto de emergência do INEM. Segundo Jacob Alves, isto significa que a estrutura passa a receber uma "gratificação financeira" para manter uma viatura operacional 24 horas por dia ao serviço do INEM. "Houve um reconhecimento de que a nossa delegação está geograficamente bem colocada e dá acesso a várias regiões", observa o responsável, sublinhando que além da "carga humana" no verão, a equipa é chamada para "ocorrências no inverno", relacionadas com quedas em trilhos e problemas de hipotermia com desaparecidos na serra.