GNR abriu quartel a crianças e ensinou o "um, um, dois" para “chamar ambulância”
Guilherme, de 4 anos, filho de um enfermeiro, aprendeu esta quinta-feira a "chamar ambulância", caso o pai "caia ao chão e deixe de falar com ele".
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O aluno do jardim de infância de Santo António, em Viana do Castelo, foi uma das cerca de 400 crianças que entraram no quartel da GNR de Viana do Castelo, para conhecer os meios daquela força de segurança (carros, motos, barcos, cavalos e cães), e aprender a ligar para o 112.
A iniciativa está a decorrer, no âmbito da campanha "Nós Por Vocês", do mês da prevenção dos maus-tratos na Infância, que durante quatro dias contará com a participação de um total de 2300 crianças, dos 3 aos 11 anos, de 30 escolas da região. Os primeiros três dias decorreram no quartel de Viana do Castelo e o último será amanhã em Caminha.
"Os meninos não sabiam o que era o 112 e acho uma temática muito interessante, porque na comunicação social já surgiram casos de crianças que salvaram os avós. Portanto, depois esta temática irá ser trabalhada em sala com eles", declarou a educadora Isabel Silva, que orientava o grupo de 25 alunos que assistiram à apresentação feita pelo "guarda principal" Eduardo Viamonte.
"Hoje estamos cá para falar de um número muito especial", anunciou o militar, explicando que o "um, um, dois" serve para "ligar para a polícia, para os bombeiros, sempre que tivermos uma emergência".
"Muitas vezes podemos estar em casa, com o papá ou com a mamã, e um deles ter um problema de saúde e desmaiar. O que é que vai acontecer? Vamos ter de ser nós a ligar o 112, mesmo sendo pequeninos", continuou a explicar, apontando para um manequim, deitado no chão, à sua frente.
Após simular uma chamada para o número de emergência, ainda ensinou às crianças que "podem ligar o 112 de um telemóvel mesmo que o ecrã esteja bloqueado" e até mesmo que "este não tenha cartão".
"Peçam aos vossos pais se tiverem um telemóvel velho, para o terem sempre com bateria, porque dá para chamar o 112, mesmo sem cartão. E expliquem isso aos vossos avós", disse.
A ruidosa turma ficou em silêncio quando o militar pegou num telefone fixo "como tem a maioria dos avós" e simulou uma ligação.
"O senhor estava a ligar [para o 112] porque o pai estava deitado no chão, e era para a ambulância vir", disse Guilherme, após ter escutado atentamente a apresentação.
"A importância que tem o 112"
"Os meninos reagem bastante bem, com bastante entusiasmo porque ao chegar ali vêm logo o manequim no chão e ficam surpreendidos e ao colocá-los a todos em volta, como se fosse contar uma história, chama-lhes bastante a atenção", descreveu ao JN o guarda Viamonte. O responsável acrescentou ainda que com a sua explicação, os mais pequenos "ficam a perceber que mesmo sendo crianças podem pedir ajuda para um adulto". Compreendem também "a importância que tem o 112, nomeadamente agora que utilizam cada vez mais cedo as tecnologias, o telemóvel, e que também o podem transmitir aos mais idosos, que utilizam os telefones de teclas".
Segundo o militar, "eles perguntam muitas vezes o que acontece se ligarem sem querer para o 112, e explicamos que não devem desligar e explicar à pessoa especial que está do outro lado que foi engano, para não serem enviados meios de socorro desnecessários".
O capitão Pedro Costa destacou a importância de "estreitar os laços de confiança e a proximidade com a comunidade escolar", bem como "reforçar o sentimento de segurança junto das escolas".
"É importante reafirmar que a Guarda Nacional Republicana tem espalhados pelo país cerca de 400 militares, que trabalham diariamente nas secções de prevenção criminal e policiamento comunitário, estas temáticas", referiu Pedro Costa.
O capitão sublinhou ainda a utilidade de dar a conhecer aos mais novos o "Laço Azul", símbolo divulgado por todo o território pela Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens, ou pelas CPCJ, em ações de prevenção contra os maus-tratos.