Projeto do Turismo do Porto e Norte de Portugal e do INESC TEC visa proporcionar aos peregrinos uma forma de programarem melhor cada jornada.
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O Turismo do Porto e Norte de Portugal e o INESC TEC - Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência, no Porto, estão a preparar uma candidatura a fundos comunitários para permitir fazer com a Google uma espécie de Street View nos caminhos de Santiago. É "algo único" que vai possibilitar a visualização dos trilhos na Internet e preparar melhor as peregrinações.
O projeto foi revelado pelo presidente da Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), Luís Pedro Martins, à margem da apresentação, no santuário da Senhora da Lapa (Sernancelhe) do Caminho de Torres, que liga Salamanca a Santiago de Compostela, passando pelo Norte de Portugal, ao longo de quase 600 quilómetros. "Se alguém tiver dúvidas sobre a forma como vai ou não fazer um caminho de Santiago, através da sua pré-visualização digital poderá tirar as dúvidas", destacou o responsável.
O trabalho "é ambicioso" e "ainda está no início", pelo que não há datas para que esteja implementado. Entretanto, continua a ser desenvolvido pela TPNP o processo de certificação, nomeadamente do Caminho da Costa (começa no Porto) e do Caminho Central (com início em Faro). Vão seguir-se o Caminho Minhoto e Caminho de Torres. Este último com "grande importância, porque é transversal a grande parte do território".
Paulo Almeida Fernandes, assessor científico do projeto de valorização cultural e turística do Caminho de Torres, explica que esta via se distingue de outras por ter "paisagens deslumbrantes e elementos de património muito identitários das regiões que atravessa". Sublinha que percorre "um mundo à parte", já que permite "atravessar o Douro Vinhateiro, subir aos soutos de Sernancelhe, passar nos pomares de macieiras de Ucanha (Tarouca)". Como tem "uma paisagem que vai mudando consoante os passos, o caminho é diverso e nada monótono".
Mais segurança
O Caminho de Torres inicial foi traçado, há cerca de 20 anos, por Luís António Quintales, professor da Universidade de Salamanca. Mas, de acordo com Paulo Almeida Fernandes, fê-lo com "uma perspetiva muito diferente daquela que os peregrinos têm hoje". Por exemplo, incluía os sítios onde Diego de Torres esteve - realizou o percurso no ano 1737 -, com muita comunhão com a Natureza, mas sem vias asfaltadas.
Ora, no diagnóstico que agora se fez, a primeira coisa "foi saber se esse caminho era seguro". É que "o peregrino medieval saía de casa e despedia-se da família porque não sabia se iria regressar". Nos tempos atuais, "é preciso voltar, porque há que trabalhar". Como foram detetadas lacunas, a equipa de Paulo Fernandes decidiu "alterar cirurgicamente o caminho com o objetivo de conferir maior segurança aos peregrinos atuais". Por um lado, "evitar estradas nacionais". Por outro, "fazer com que cruze, de tantos em tantos quilómetros, localidades que tenham um café ou uma farmácia".
O Caminho de Torres, que agora vai começar a ser promovido visando o seu reconhecimento nacional e internacional, surge de uma candidatura conjunta de cinco comunidades intermunicipais: Tâmega e Sousa, Alto Minho, Ave, Cavado e Douro.