O Governo prometeu esta sexta-feira reforçar a capacidade de atendimento e melhorar a instalações do Centro Hospitalar da Póvoa e de Vila do Conde. E suspendeu a sua fusão com a Unidade de Saúde Local de Matosinhos.
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Conforme adiantou o JN esta sexta-feira, os autarcas de Vila do Conde, Elisa Ferraz, e da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, foram chamados para uma reunião com o secretário de Estado Fernando Araújo, na sede da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, às 10 horas.
O encontro foi marcado após terem recusado, numa primeira abordagem, aceitar a fusão dos serviços de saúde do centro hospitalar que serve os dois concelhos com a Unidade Local de Saúde de Matosinhos, que ficaria responsável pela gestão conjunta com uma só administração, bem como a respetiva criação da nova "Unidade de Saúde do Atlântico". Agora, dizem ter recebido a garantia de que este processo está suspenso.
Os autarcas tiveram conhecimento que estaria para ser publicado um despacho para criar um grupo de trabalho no sentido de avançar com a fusão e contestaram, em declarações ao JN, aquela proposta que ainda está em discussão. Já o presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto, elogiou aquela solução que permitiria ao Hospital Pedro Hispano "conquistar escala" e "otimizar o seu funcionamento".
Num comunicado enviado ao JN após a reunião, a ARS Norte confirma que se realizou o encontro entre o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, o presidente da ARS Norte, Pimenta Marinho, e os presidentes dos municípios da Póvoa de Varzim e Vila do Conde, "no sentido de avaliar a prestação de cuidados de saúde na região e analisar projetos de desenvolvimento para o futuro".
Fundos comunitários
"Num clima de grande abertura e complementaridade entre as autarquias e o Ministério da Saúde, ficou decidido o reforço do centro hospitalar da Póvoa de Varzim/ Vila do Conde quanto à capacidade de atendimento aos utentes e melhoria das instalações, nomeadamente através do alargamento da unidade hospitalar da Póvoa de Varzim, com eventual recurso a fundos comunitários e a participação ativa das autarquias", adianta a ARS Norte.
Explica que "pretende-se desta forma estabilizar esta instituição que tem dado provas de qualidade, tranquilizando os cidadãos e reconhecendo o trabalho dos profissionais de saúde" e garante que "estas medidas vão no sentido do reforço Serviço Nacional de Saúde".
Quanto à proposta de fusão que está ser discutida, e que inclui a criação de uma só administração na dependência da unidade de Matosinhos, a ARS Norte considera prematuro qualquer comentário.
"E o novo hospital?"
As críticas que Vila do Conde e Póvoa lançaram na véspera da reunião prendem-se com a proximidade e a qualidade dos serviços. O presidente da Câmara da Póvoa, Aires Pereira (PSD), avisou que a fusão "resultaria no encerramento dos serviços de urgência e num pior atendimento para 170 mil pessoas". E questionou se o Governo estaria "a deixar cair a construção do novo hospital Póvoa/Vila do Conde". Por sua vez, Elisa Ferraz (PS), autarca do município vizinho, disse não abdicar da "saúde de proximidade". "Perdemos muitas valências, não queremos perder mais nada", referiu, após ter sido abordada com a proposta de fusão para criar a nova "Unidade de Saúde do Atlântico".