<p>A arte urbana está em destaque este fim-de-semana no Seixal, com 40 artistas a pintarem ao vivo o muro da antiga fábrica da Mundet, no âmbito da sétima edição do Seixal Graffiti. O espaço é o tema dominante dos desenhos que hoje ficam prontos.</p>
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Com pequenas interrupções forçadas pela chuva, os profissionais, munidos de máscaras, vão trocando de lata conforme a cor que precisam para dar corpo à marca que vão deixar no muro de 400 metros. Uns guiam-se pelo papel, enquanto outros preferem o improviso.
"É um extraterrestre. Todo cheio de doenças. É o meu estilo. É um extraterrestre monstro e mórbido", descreve Mário Fonseca, de 24 anos, da Maia, que com o nome artístico Oker participa no evento pela segunda vez.
Já Frederico Casimiro, de 30 anos, de Almada, não fazia a mínima ideia do que desenhar quando foi abordado pelo JN. "Ainda não sei bem, mas acho que vou fazer um lettring. É tudo de cabeça, tem de ser", refere Klit, que desenha há 12 anos e costuma dar largas à imaginação em fábricas abandonadas.
"Podiam deixar-nos pintar e dar alguma cor ao cinzento citadino", apela ainda o artista, defendendo que as autarquias deviam apostar mais no grafito.
Integrado no circuito internacional Meeting of Styles, o Seixal Graffiti conta com a presença de artistas estrangeiros, como o casal italiano, Caktus e Maria, que vai deixar os próprios retratos no muro da Mundet. Ele, Vincenzo Mastroiorio, de 30 anos, desenha há já 15. "Vivo do grafito. A minha vocação é a arte", realça.
Além de Maria, há mais três participantes do sexo feminino, entre elas Alexandra Sofia, de 23 anos, de Sacavém. "Não há muitas raparigas em Portugal a pintar", salienta Dance, o nome artístico que usa há seis anos. "Não pinto muitas vezes na rua. Mas quando o faço é na linha do comboio ou em fábricas abandonadas", realça, confessando que também gosta de deixar a sua marca em locais movimentados como o Bairro Alto, em Lisboa.
Desde que se realiza este evento, o grafito tem sido encarado de outra forma no Seixal. "Havia muito mais situações conotadas com vandalismo do que há hoje. Conseguiu-se valorizar este fenómeno artístico urbano", garante Teresa Ré, chefe da divisão de cultura da Câmara do Seixal, que está a estudar outras formas de promover esta arte urbana. "Tem havido interesse em que determinadas áreas do concelho possam ser pintadas através da arte do grafito", salienta a responsável.
"Esta experiência que fazemos anualmente na Mundet acaba por ser um pouco uma montra para outras entidades do concelho perspectivarem a utilização deste tipo artístico também para os seus equipamentos", conclui.