Há mais veículos a circular no Porto e nos concelhos vizinhos e o estacionamento fora da lei também aumentou.
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No Porto e nos concelhos vizinhos, a avaliar pela quantidade de carros rebocados por estacionamento indevido, os números apontam para uma evolução que conduzirá, a curto prazo, para uma situação idêntica à que existia antes da pandemia, em 2019. Pelo menos superar o registo do ano passado, da fase aguda da crise pandémica, é o que se vislumbra a breve trecho.
Na Maia e em Valongo, mesmo sem fechar o balanço do corrente ano, a marca dos reboques municipais de 2019 já foi batida. No Porto, até setembro, a Polícia Municipal tinha rebocado 12 084 viaturas, fasquia que não dista muito das 13 566 com que encerrou toda a temporada de 2020. Também em Gaia, com 324 carros rebocados na via pública até agosto, a autoridade municipal caminha para o saldo com que encerrou o ano transato (380 reboques).
Toda a gente o vê. É incontornável: os automóveis voltaram a inundar as cidades. Paula Teles, presidente e fundadora do Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade, não se surpreende com esta "curva", das de infrações (relativas ao estacionamento) e do movimento rodoviário, que desceu em 2020, mas dá sinais claros de uma trajetória ascendente.
"Houve negligência"
"O ano de 2020 foi uma oportunidade perdida para o planeamento de uma mobilidade sustentável. As pessoas tinham readquirido aos poucos o hábito de andar a pé. Mas desde aí quase nada foi feito", lamenta Paula Teles, que acompanha de perto o tema dos transportes e não é apanhada de surpresa com o recrudescer da quantidade de veículos rebocados nas ruas do Grande Porto.
"Houve negligência no que diz respeito ao planeamento. Os transportes públicos deviam ter pontos de conexão para dar hipótese de fazer a pé ou de bicicleta o último trajeto até ao emprego", sustenta.
Paula Teles foca, igualmente, outro aspeto que tem a ver com a renitência de muitas pessoas utilizarem o transporte público devido ao temor relacionado com a covid. "Esse é outro entrave. É mais um problema a acrescentar a outros", refere.
"deixar filhos na escola"
Rodrigo Ferreira da Silva, presidente da Associação Nacional do Ramo Automóvel (ARAN), também está ciente de que há mais carros nas cidades e que isso poderá significar trabalho acrescido para as polícias municipais.
Se Paula Teles é defensora do incremento dos meios mais suaves, como a bicicleta, o dirigente da ARAN queixa-se que em Portugal "parece que há uma perseguição dos governantes ao automóvel".
Rodrigo Ferreira da Silva explica que "o Governo parte de uma realidade que não é a nacional, mas sim de países mais desenvolvidos como a Dinamarca", e que "em Portugal o automóvel ainda é o meio que permite dar algum conforto às famílias, seja para deixar os filhos na escola, ir para o emprego ou fazer a compra de bens essenciais para ter em casa".
Se o tempo de circulação for um barómetro de qualidade, assinala que, "em média, um autocarro de passageiros já tem 15 anos", o que, do seu ponto de vista, não é abonatório. A concluir, sublinha que "há um caminho a fazer para chegar ao patamar dos países mais desenvolvidos", mas que "isso tem que ser feito sem excluir ninguém, nomeadamente os automobilistas".
Concurso
Gondomar ultima pormenores para ter serviço próprio de reboques
Na listagem da infografia, ainda não constam os números de Gondomar porque a Autarquia está a dar seguimento ao processo que lhe garantirá ter um serviço próprio de reboques. Esse processo envolve um concurso e têm sido dados passos nesse sentido. Assim que for contratualizado, Gondomar disporá deste serviço municipal, à semelhança de outras autarquias. Enquanto isso não acontece, a Câmara recorre à PSP e à GNR para tratar dos casos mais urgentes relacionados com o estacionamento na via pública à margem da lei.
Maia
90 veículos abatidos
Quanto aos carros deixados ao abandono na rua e referenciados pela Polícia, este ano, na Maia, o número já vai em 90. Em 2018 haviam sido 76, em 2019 foram 16 e em 2020 a conta chegou a 75. São abatidos e desmantelados e encaminhados para um operador licenciado.