Intempérie de domingo deixou fruta sem condições de ser vendida. Foram afetados 120 hectares de pomares.
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Os pêssegos e nectarinas mais doces do país vão faltar nas prateleiras dos supermercados este verão, devido à queda acentuada de granizo ao longo do passado domingo, que danificou 100% da produção destes frutos, e ainda de cereja e hortícolas, no Vale da Vilariça, Vila Flor.
Segundo o levantamento realizado ontem no local pelos técnicos da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN), foram afetados cerca de 120 hectares de pomares de pêssego e nectarina, bem como perto de 30 hectares de cereja. "Foi uma situação circunscrita a pomares da zona de Santa Comba da Vilariça, afetando vários produtores, dos quais quatro são de maior dimensão. Só um deles tem 70 hectares de pêssego", explicou a diretora regional, Carla Alves, que admitiu que os agricultores não têm seguros de colheitas.
Gil Freixo, o empresário agrícola mais afetado, dá conta de "estragos muito avultados devido à grande quantidade de granizo que caiu", destacando que a fruta está "toda marcada" o que faz com que "perca valor comercial e não tenha boa aceitação no mercado por não ter tão bom aspeto, levando à quebra acentuada do preço, porque o consumidor só procura fruta bonita".
Evitar apodrecimento
Mal se apercebeu dos prejuízos, na segunda-feira, Gil Freixo procedeu à aplicação de um produto fitossanitário nos pomares para evitar que a fruta apodreça durante o período de maturação. "Vamos ver se o tratamento dá algum resultado na selagem da fruta. Os pêssegos estão ainda do tamanho de nozes, mas alguns têm 15 ou 20 marcas e estas não podem ser eliminadas. O consumidor não quer esta fruta", afirmou.
O agricultor colhe entre 500 a 800 toneladas de pêssego por ano, que vende através do mercado grossista. Trata-se de uma produção com muita boa aceitação no mercado. Só este ano, Gil Freixo já estima uma perda "total".
Fazer seguros de colheita "não compensa", garante o agricultor. "Os seguros podem custar mil euros por hectare, como é que eu vou pagar isso? Devia existir uma espécie de seguro diretamente através do Estado", sublinhou o produtor, que tem oito funcionários a tempo integral, mas nesta altura já tem ao serviço 30 trabalhadores para assegurar a campanha.
"A apanha da fruta vai ser ainda mais complicada, porque, além do maior cuidado que é necessário por estar danificada, ainda há as contingências relacionadas com a Covid-19. Será um investimento maior do que o habitual", lamentou Gil Freixo.
A maioria dos afetados pelo granizo tem projetos candidatados ao PDR2020.