A greve dos trabalhadores da STCP, esta terça-feira, está a causar enchentes no metro, dificultando a vida aos passageiros. Utentes, surpreendidos, procuram alternativas, também, nos operadores privados.
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A greve da STCP está a causar constrangimentos a milhares de utentes, no Porto, esta terça-feira. A paralisação vai durar o dia todo e não foram decretados serviços mínimos, que mitiguem o impacto do protesto dos trabalhadores, que reivindicam melhores condições laborais.
Segundo Jorge Costa, do Sindicato Nacional dos Motoristas, a "adesão é de 100%" e "não saiu um único carro" para a rua.
"Não foram estabelecidos pelo Tribunal Arbitral quaisquer serviços mínimos, quer para a operação de autocarros, quer para a operação de carros elétricos, pelo que a empresa não poderá garantir o cumprimento do serviço em qualquer uma das 73 linhas da rede STCP", explicou a empresa, na segunda-feira
A STCP já tinha alertado os utilizadores para a "possibilidade de ocorrência de perturbações de serviço", entre as 00:00 de terça-feira até às 2 horas de quarta-feira, mas alguns passageiros foram apanhados desprevenidos e ficaram apeados.
Caso de Maria Alzira Teixeira, que desesperava pelo 704, na circunvalação, junto ao Hospital de S. João,, a caminho de uma consulta no Centro de Saúde de Arca de Água. "Vou a uma junta médica e já vou chegar atrasada", lamentou à reportagem do JN.
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Atraso é a palavra de ordem na manhã desta terça-feira para os utentes da STCP, com muitos passageiros a procuraram alternativas para seguirem viagem e a lamentarem ter de chegar atrasados ao emprego. Carlos Costa trabalha num restaurante no Padrão da Légua. Em Rio Tinto, junto ao centro comercial Parque Nascente, não apareceu o autocarro 205. "A solução foi vir até aqui, até junto ao hospital, para apanhar o 106 da operadora Resende. Vim a pé pela auto-estrada, exposto ao perigo, mas não tinha alternativa pois já devia estar a trabalhar", conta Carlos Carvalho.
Os privado no entanto passavam com uma frequência menor aos autocarros da STCP e quando surgiam rapidamente ficavam lotados. "Estou confinada em casa e só sai hoje porque precisava mesmo de fazer uma compra. Mas vejo os autocarros cheios e acho que, numa altura destas, não é bom em termos de saúde pública", considera Joaquina Dias. Os utentes procuram alternativas nos operadores privados de autocarros e o metro, provocando enchentes nas composições do metro, como constatou o JN.
A greve envolve o Sindicato Nacional dos Motoristas (SNM), o Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes da Área Metropolitana do Porto (STTAMP), o Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes (SITRA) e a Associação Sindical de Trabalhadores dos Transportes Coletivos do Porto (SMTP).
"Os trabalhadores da STCP estão cansados de promessas e indignados com a falta de reconhecimento por parte das várias tutelas da empresa que nunca mostraram recetividade e vontade de promover uma negociação séria, indo ao encontro da mais elementar justiça social, revendo as remunerações, as carreiras profissionais e os horários, melhorando assim as condições em que trabalham os cerca de 1200 funcionários", referiram, em comunicado, as quatro estruturais sindicais..
"A situação da crise/pandemia não pode ser justificação para tudo", diz Jorge Costa. A greve decorre hoje e vai continuar, a partir de amanhã, com períodos parciais às duas últimas horas de serviço, assim como aos fins-de-semana. Caso a tutela e o Conselho de Administração da STCP não aceitem o retomar das negociações os sindicatos ponderam voltar à greve em Setembro, na altura do regresso às aulas.
* com Augusto Correia