As trabalhadoras do Centro Infantil de Crestuma, em Vila Nova de Gaia, fizeram greve, esta terça-feira, para exigir à Cruz Vermelha a aplicação do Contrato Coletivo de Trabalho (CCT). Instituição afirma querer chegar a um acordo com os trabalhadores.
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Das 21 profissionais que trabalham na instituição, 15 auxiliares manifestaram-se esta manhã à porta do centro e outras seis, educadoras de infância, participaram num outro protesto junto à Cruz Vermelha (CVP), em Lisboa. Feitas as contas, a adesão foi de 100%, explicou ao JN Luís Figueiredo, do CESP (Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal), que esteve presente na ação em solidariedade com as funcionárias.
No caso das auxiliares, as trabalhadoras reivindicam "a aplicação do Contrato Coletivo de Trabalho, negociado entre a CNIS (Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade) e a FEPCES (Federação Portuguesa dos Sindicatos do Comércio e Serviços), uma obrigação legal que o Centro Infantil de Crestuma persiste em não cumprir", esclareceu ao JN Célia Vareiro, do mesmo sindicato.
O CESP contactou a administração do Centro Infantil para exigir o cumprimento do CCT, mas recebeu a indicação que "a Cruz Vermelha é uma entidade à parte" e que não estaria obrigada a aplicar o CCT das IPSS, ainda que receba "os mesmos apoios do Estado". Devido à dimensão da estrutura da Cruz Vermelha a nível nacional, o sindicato teme que se demore a encontrar uma resposta concreta para os anseios das trabalhadoras.
Ainda assim, segundo a representante sindical, o Contrato Coletivo de Trabalho foi já aplicado numa creche da Cruz Vermelha, no Algarve, "por isso, também pode ser aplicado nesta instituição".
O Centro Infantil de Crestuma recebe cerca de 150 crianças, com idades entre os 4 meses e os 12 anos, e presta serviços de creche, pré-escolar e ATL. "Os pais têm sido muito solidários com as trabalhadoras e até marcaram presença na última greve que fizeram, a 14 de novembro do ano passado", também com adesão total, disse Luís Figueiredo.
Com a aplicação do CCT, um acordo que permite estabelecer condições específicas para uma classe profissional ou trabalhadores de uma empresa, estas funcionárias, que "recebem apenas o salário mínimo", poderiam ver o salário aumentado e ter progressão de carreira, para além de "outras melhorias nas condições de trabalho".
Segundo Célia Vareiro, "os apoios do Estado são distribuídos pelas instituições conforme os serviços prestados e os apoios acordados na concertação", tendo havido um reforço financeiro no pós-pandemia, mas esse aumento não se refletiu nos ordenados dos trabalhadores e em "condições de trabalho mais humanizadas".
A Cruz Vermelha Portuguesa diz, ao JN, estar empenhada no processo negocial de um Acordo de Empresa, que será o "primeiro alguma vez a ser implementado" na instituição. A CVP participou, esta terça-feira, numa reunião de negociação com mediação da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho, com o objetivo de chegar a um acordo com os trabalhadores.