Proposta foi apresentada a empresa norte-americana no final de dezembro, mas ainda não obteve resposta. Unidade encerra amanhã, quarta-feira, deixando 200 pessoas no desemprego.
Corpo do artigo
Um grupo de investidores portugueses apresentou uma proposta de compra da fábrica da Tupperware em Montalvo, no concelho de Constância, à empresa norte-americana, no dia 26 de dezembro, apurou o JN. Sem resposta até agora, amanhã, quarta-feira, será o último dia de trabalho na unidade de produção portuguesa, que emprega 200 pessoas.
Apesar de ter sido avançado o dia de amanhã como a data de encerramento da fábrica, o JN soube junto de uma operária que receberam indicações para irem preparados para trabalhar. “Ficámos a olhar uns para os outros. A gente já não sabe o que pensar”, comenta, apreensiva.
Nos últimos dias, apenas as máquinas de produção de garrafas têm estado a trabalhar, pelo que os restantes operários estão a reforçar a secção de encomendas. A mesma fonte revela ainda que, no início do ano, todas as pessoas dos escritórios de Lisboa, onde eram tratadas as encomendas, foram transferidas para Montalvo.
“Tirando isso, está a decorrer tudo normalmente, o que leva a crer que haja alguma novidade, ou que se tenha conseguido alguma coisa”, afirma a operária. A viver num clima de incerteza, os trabalhadores têm a expectativa de, pelo menos, serem indemnizados com o montante resultante da venda dos equipamentos. “Só máquinas de injeção são 36”, avança.
A informação de que existiria um interessado na compra da fábrica foi transmitida pelo diretor, na reunião de 19 de dezembro, em que anunciou não haver dinheiro para pagar indemnizações, mas garantiu que ia tentar vender os equipamentos para liquidar esse montante. “Disse também que não sabia se o provável comprador ia ficar com alguém.”
Pelo que o JN conseguiu apurar, a fábrica só tem autorização para comercializar a marca Tupperware até esta quarta-feira, razão pela qual a maioria das pessoas foi canalizada para “despachar as encomendas”, para garantir o cumprimento dos contratos.
À saída do turno das 15 horas, João Oliveira, deputado do PCP no Parlamento Europeu, vai estar junto às instalações para contactar com os trabalhadores. “Para o PCP, esta é uma situação que representa um drama para todos os homens e mulheres, que serão atirados para o desemprego, bem como para as suas famílias e para o concelho”, lê-se num comunicado. “O Governo do PSD/CDS-PP, em conjunto com a Câmara Municipal, devem intervir, no sentido de encontrar uma solução que permita continuar a produção da fábrica e, dessa forma, manter os postos de trabalho.”
Sérgio Oliveira, presidente do Município de Constância, explica ao JN que continua em contacto com a unidade de produção e com o Ministério da Economia. “Estamos na expectativa de que a fábrica possa continuar a trabalhar”, acredita. Nesse sentido, diz que os próximos dias serão determinantes.
O JN tentou ouvir o Ministério da Economia e a Tupperware, até ao fecho de edição, sem sucesso.
Credores criam Nova Tupperware
Fonte ouvida pelo JN revela que os credores nos Estados Unidos dividiram a Tupperware em dois grupos, um dos quais ficou com a parte das operações com a Europa. Contudo, não pretendem ficar com as fábricas de Portugal e da Bélgica, encerrada desde dezembro. “Mas isso não invalida que mantenham interesse em que a fábrica de Montalvo produza para eles”, admite. A Nova Tupperware ficou com as fábricas e com a marca. No ano passado, estava previsto fechar também em África do Sul.