Falta de diretor no serviço, agora em contratação, impedia Unidade de Saúde Local da Guarda de agendar cirurgias e tratamentos.
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Os doentes oftalmológicos da área abrangida pela Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda já podem inscrever-se na instituição para cirurgia da especialidade. A decisão foi tomada pelo Conselho de Administração no passado dia 4, por ter havido "contratação de médicos oftalmologistas" e, assim, ter sido ultrapassada "a inexistência de recursos humanos que impedia a constituição de equipas para a realização de atos cirúrgicos ou equiparados". Desde fevereiro de 2020 que a ULS não tem cirurgias ou tratamentos oftalmológicos.
Por enquanto, só é conhecida a contratação recente de um médico que vai semanalmente de Portalegre e que, ainda sem contrato publicado oficialmente, presta algumas horas no Hospital da Guarda e o reingresso de outro, mas, de acordo com o presidente João Barranca, "estão a ser ultimadas conversações para a entrada de mais especialistas no serviço".
A deliberação que admite agora a inscrição de doentes, surge meses após da atual administração ter reiterado a proibição da anterior equipa dirigente, assinada em novembro do ano passado, depois de ter sido censurada pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).
Esta entidade considerou então que, na falta de diretor de serviço de oftalmologia, não poderia ser a diretora clínica Fátima Cabral, dermatologista, a validar quer as cirurgias, quer os tratamentos daquela especialidade.
Concurso aberto
Depois da posição pública assumida no verão passado pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS) que mandou a ULS adotar procedimentos compatíveis com os direitos dos utentes a terem acesso a cuidados de saúde, a instituição abriu em outubro o concurso para diretor de serviço de Oftalmologia. Henrique Fernandes, o único especialista do quadro concorreu sozinho, mas até hoje não sabe se foi admitido porque o júri, constituído por dois médicos da administração e pela diretora do serviço de urgência, ainda não reuniu para o efeito.
À espera
Se nada acontecer, isto é, se o concurso ficar parado como outros no passado recente, nem o serviço de Oftalmologia ganha um diretor como insistiu a ACSS, nem as cirurgias podem voltar a ser validadas. A menos que essa validação volte a ser protagonizada pela diretora clínica ao arrepio do entendimento daquele organismo público. A administração disse ao JN que " o concurso está a decorrer dentro dos trâmites normais" e que "estão a ser efetuadas consultas por ordem de antiguidade de inscrição, para que, em breve, sejam realizados também os respetivos tratamentos".