Município aguarda que seja criado um quadro legal que venha a regular intervenção de guarda-rios, profissão extinta mas agora retomada. Mónica e Raquel são as primeiras mulheres a serem guardadoras de margens.
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Mónica Azevedo, 41 anos, esteve emigrada em Inglaterra durante 15 anos.Voltou a Guimarães por causa dos filhos. "Estavam em idade escolar". Ingressou na Vitrus, a empresa municipal responsável pela recolha de resíduos e pela limpeza de edifícios e espaços públicos, no departamento de limpeza, mas foi fazendo formação em fiscalização e qualidade da água .
Raquel Costa, de 41 anos, trabalhou durante muitos anos num lar. Também entrou na Vitrus para fazer limpezas e fez o mesmo percurso formativo.
As duas mulheres juntaram-se à equipa de guarda-rios em Guimarães, que já tinha dois homens. Os quatro vigilantes estão de olhos postos nos rios Ave, Selho e Vizela. São guardadores de margens contra infratores.
A profissão de guarda-rios, extinta desde 1995, foi recuperada por alguns municípios, embora esteja limitada por não ter autoridade.
A empresa municipal lançou o desafio a Mónica e a Raquel, aceite após formação. Ontem, já com a farda da nova função, a dupla feminina referiu ao JN que têm recebido reações positivas. "As pessoas ficam contentes por verem mulheres a fazer este serviço e dão-nos os parabéns", afirma Mónica. Raquel é mãe de dois jovens de 18 e 19 anos, que estão felizes por saberem que está "a defender o ambiente".
Apesar de ainda estarem na primeira semana de serviço, já enfrentaram situações relacionadas com as fortes chuvas. "Foram caixas de saneamento que rebentaram por não suportarem a pressão", relata Raquel Costa. As guarda-rios reportam estas ocorrências às entidades responsáveis, neste caso a Vimágua
Não podem levantar autos e, quando encontram situações de violação da lei, têm que comunicar às autoridades competentes. "A GNR tem uma excelente colaboração connosco e dão resposta imediata", assegura Vítor Coelho, coordenador de equipa.
"Há uma promessa do Governo de regulamentar a profissão novamente. Aqui em Guimarães, face à necessidade, andamos à frente, no futuro vamos adaptando ao que for criado", aponta João Pedro Castro, o diretor executivo da Vitrus.