Vítor Silva não hesita em pôr a vida em perigo para impedir afogamentos numa praia sem vigilância.
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Vítor Silva não hesitou em atirar-se ao rio Cávado, na praia fluvial de Barcelinhos, em Barcelos, para salvar um homem que estava em risco de afogamento, há menos de um mês. O ato heroico não foi caso único, já que, no ano passado, já tinha salvado outro indivíduo que estava em pré-afogamento. Já há quem lhe chame o "guardião do Cávado".
Vítor nasceu a poucos metros do rio e toda a sua vida foi passada junto ao Cávado. É na praia fluvial (não vigiada) de Barcelinhos, local onde aprendeu a nadar e a respeitar o rio, que o operário têxtil, de 38 anos, passa as tardes de sol.
Há dias, Vítor Silva estava à conversa com dois amigos enquanto um homem, na casa dos 40 anos, "estava repetidamente a atirar-se do paredão para o rio. Houve uma altura em que correu mal, atirou-se e não conseguia voltar", recordou.
"Com a aflição, tentou fugir de uma zona de caudal forte, mas estava a ir na direção do açude de Santo António de Vessadas", prossegue Vítor, acrescentando que ainda tentou pedir ajuda a uma pessoa que estava no meio do rio a fazer paddle. "Ele não percebeu o que eu estava a dizer e não tive mais nada, tirei o chapéu e mandei-me à água. Agarrei o sujeito pelo pescoço e comecei a nadar com ele, até à prancha de paddle, coloquei-o em cima e o homem levou a vítima para o areal", narra.
Naquele dia, o rio estava com a corrente muito forte, no entanto, Vítor Silva nunca pensou que estava a pôr a própria vida em perigo. "São coisas de segundos, nem pensas e tens de agir. Não me vejo como um herói, o homem tinha aqui a família, não o ia deixar morrer", salienta.
Outro caso
E voltaria a fazer o mesmo, até porque, já no ano passado, experienciou uma situação semelhante. "Estava a ler um livro e há uma parte do rio que tem um fundão. Vi um homem que já estava aflito e fui lá buscá-lo. Já estava em pré-afogamento", recorda.
Apesar de ser irmão de um nadador-salvador, Vítor Silva nunca teve qualquer tipo de formação na área. Ainda assim, conhece o rio como poucos e os perigos daquela zona.
"Todos os anos o rio tem novas correntes e tem zonas muito perigosas", adverte e conclui: "Faltam aqui umas boias fixas, davam uma boa ajuda".