Insistência na opção pelo metro ligeiro para a ligação pode atrasar o desbloqueio de financiamento pelo Governo.
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Há uma discordância entre o atual presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança (PS), e o candidato do Partido Socialista às próximas eleições autárquicas, Ricardo Costa, sobre a solução a adotar para fazer a ligação do concelho à futura linha de comboio de alta velocidade, em Braga. O atual autarca defende o metrobus, enquanto Ricardo Costa, no seu programa, propõe a construção de uma linha de metro ligeiro. Certo é que o projeto não saiu do papel e, apesar de não ter ainda financiamento definido, está cada vez mais caro.
Os estudos iniciais em que assenta a escolha do metrobus apontavam para um investimento de 79 milhões de euros, mas Domingos Bragança já avançou com a possibilidade de chegar aos 300 milhões. Embora o presidente da Câmara de Guimarães assegure que o Ministro das Infraestruturas lhe garantiu que vai haver financiamento, questionado pelo “Jornal de Notícias” o Governo não quis pronunciar-se sobre esta matéria.
No final de 2022, a Câmara de Guimarães apresentou o Estudo de Apoio à Decisão sobre a Interconetividade com a Rede Ferroviária de Alta Velocidade, da responsabilidade do professor José Mendes, ex-secretário de Estado Adjunto e do Ambiente, Adjunto e da Mobilidade e do Planeamento.
O documento analisava vários trajetos e comparava a ferrovia pesada com o metro ligeiro e o metrobus, para ligar o concelho à futura estação de alta velocidade, em Braga (ver infografia). Então, concluiu-se que a ligação direta pelo Norte do território é o melhor trajeto, em alternativa à linha de comboio que liga ao Porto e na possibilidade de fazer o trajeto via Famalicão.
Derrapagem do orçamento
Quando se tratava de comparar entre metrobus e metro ligeiro, o estudo era claro e o metrobus ganhava em todas as dimensões: custo e prazo de execução, valor estratégico, probabilidade de êxito face às políticas nacionais. José Mendes estimou um investimento de 79 milhões de euros para o BRT, que comparavam com os 300 milhões necessários o metro ligeiro de superfície.
Além deste fator, as outras vantagens são o custo dos veículos - três milhões para o metro ligeiro e 700 mil euros para o autocarro - e a duração menor de construção do metrobus.
Foi neste pressuposto que o autarca Domingos Bragança investiu todo o esforço na defesa desta solução e conseguiu até um financiamento de um milhão de euros para estudos preliminares.
Agora, o presidente da Câmara da Guimarães já veio dizer que, afinal, a linha de metrobus pode custar 300 milhões de euros, tanto como José Mendes tinha previsto para o metro ligeiro.
Quando confrontado com a derrapagem do orçamento, Domingos Bragança acabou por explicar que o relatório final apontava para um custo de 158 milhões para o BRT (o dobro do inicialmente anunciado por José Mendes) e que os 300 milhões seriam para fazer “um upgrade da infraestrutura, de forma a, mais tarde, poder ser transformado num metro com carril e catenária”.
Ministério não comenta
Guimarães, ao contrário do município de Braga que captou 100 milhões para o seu sistema de metrobus, não tem financiamento assegurado.
Questionado pelo JN, o Ministério das Infraestruturas não se quis pronunciar sobre o tema.
O líder da Oposição em Guimarães, Ricardo Araújo, vereador do PSD, teme que a falta de acordo entre o presidente da Câmara e o candidato socialista possa estar a atrasar o desbloquear de verbas para a obra.