O ofício de guarda-rios está novamente ativo, através de um projeto que Guimarães tem em curso para diminuir os focos de poluição das linhas de água do concelho. Depois de extintos no século XX, os guarda-rios voltam às margens dos rios Ave e Selho.
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Os guarda-rios de Guimarães começaram a trabalhar no início desta semana, com a missão de preservar e proteger os cursos hídricos do concelho, designadamente o rio Ave e o rio Selho, mas também os respetivos afluentes e margens. O objetivo é que promovam o contacto com as pessoas, sensibilizando-as para a proteção dos rios, com especial atenção a comportamentos inadequados.
Para além disso, os guarda-rios verificam se existem ligações ilegais de saneamento e deposições ilegais de resíduos, para serem comunicadas às entidades competentes. Garantem ainda que o leito e as margens dos rios se encontram devidamente limpos, identificando terrenos que careçam de limpeza e desobstrução das linhas de água.
A fiscalização da extração ilegal de areia é, igualmente, alvo da atenção dos guarda-rios. No futuro, vão também ser preenchidos inquéritos onde serão aferidos parâmetros qualitativos do estado dos rios, como o cheio, cor, se tem espuma, se tem resíduos ou se o escoamento está obstruído.
Menos descargas poluentes
15 quilómetros de linhas de água, essencialmente do rio Ave, pertencem ao concelho de Guimarães
Desde a criação do Plano para a Despoluição do rio Ave, em 2015, com a correção de ligações industriais e de saneamento indevidas, as descargas poluentes para os rios de Guimarães têm diminuído. O último episódio aconteceu em março, com uma pedreira, que viu a licença de laboração ser suspensa até corrigir o problema.
Sérgio Castro Rocha, presidente da Vitrus, empresa municipal responsável pelo Ambiente, realça que "Guimarães tem como prioridade a proteção ambiental e das suas linhas de água, tornando-as aprazíveis para a população". O responsável lembra que a Câmara tem em curso a construção de "mais de 50 quilómetros de ecovias" e que por isso "torna-se fundamental garantir a devida proteção destes espaços".
Já João Pedro Castro, administrador da Vitrus, destaca que os rios "fornecem grande parte da água que consumimos e que utilizamos para regar os solos das áreas agrícolas, bem como para as diversas atividades do dia-a-dia". Os cursos de água "também são fundamentais para o equilíbrio do nosso ecossistema, através dos inúmeros seres vivos que lá coabitam", acrescenta.
Recorde-se que a profissão de guarda-rios existiu em Portugal entre o século XVIII e o século XX. Estava afeta aos Serviços de Hidráulica do Estado, mas foi extinta. Nos últimos anos, face à crescente preocupação com as alterações climáticas e necessidade de adoção de comportamentos sustentáveis, o ressurgimento da profissão enquadrada nos serviços centrais do Estado tem sido equacionado e já foi pedido pelo PAN.
Ecovia do Ave
Está em construção um percurso pedonal e ciclável junto às margens do rio Ave. A Ecovia do Ave vai passar por 14 freguesias de Guimarães e Póvoa de Lanhoso, de Castelões a Serzedelo, com percursos de passadiço.
SOS Ambiente
O serviço de atendimento telefónico SOS Ambiente e Território é o 808 200 520, disponível 24 horas por dia durante todo o ano.