Parque de Guimarães sem acesso a mobilidade reduzida soma problemas há 15 anos. A Oposição critica a inércia da Câmara Municipal.
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Os cidadãos com mobilidade reduzida que estacionam no parque da Mumadona, junto ao Palácio da Justiça e à Câmara de Guimarães, não têm como sair do parque se estiverem sozinhos pois a única rampa que têm é a dos carros, íngreme, que vai ter à estrada. Álvaro Siza Vieira, autor do projeto, apresentou uma solução, mas a Câmara (PS) rejeitou por custar cerca de dois milhões de euros.
O problema das acessibilidades remonta a 2005 e já tinha sido denunciado em 2016 pela Oposição PSD. Na altura, André Coelho Lima pedia que se resolvesse um problema com 11 anos. Poucos meses depois da denúncia, já em 2017, Domingos Bragança, presidente da Câmara, anunciava que a solução passaria por construir um elevador: "Siza Vieira, autor do projeto, concorda com a ideia e está a tratar".
Agora, três anos depois, André Coelho Lima voltou a questionar a Câmara sobre o assunto e ficou-se a saber que a proposta de Siza Vieira foi rejeitada pela Câmara pois implicava um custo de dois milhões de euros. "O que parecia uma decisão fácil tornou-se uma decisão difícil", justificou Seara de Sá, vereador do Urbanismo.
A Oposição apoia a Câmara na decisão de rejeitar a proposta de Siza Vieira, mas não compreende como é que desde então mais nada foi feito. "Três anos e meio é um mandato inteiro, é tempo mais do que suficiente para encontrar uma solução ou para saber que não há solução", acusou Coelho Lima. O social-democrata frisa que "têm de ser todos a ceder" e que a Câmara "não pode simplesmente baixar os braços", deixando "as pessoas com os carrinhos de bebé a sair para o meio de uma rotunda".
Por um lado, a solução de Siza Vieira é cara, pois custa tanto quanto um parque novo. Por outro, a Câmara não intervém à revelia do arquiteto, pois, explica Seara de Sá, "não quer perder a assinatura" da obra de um dos mais famosos projetistas portugueses.
Hipótese túnel
Há ainda uma "solução intuída", revela o vereador do Urbanismo, que "não chega, nem de perto nem de longe, aos dois milhões de euros". Passa por criar um túnel que ligue o parque de estacionamento à zona do Paço dos Duques, onde um elevador faria a ligação até à superfície. O problema é que esta solução tem de ser aprovada "pelo autor, pela Direção-Geral do Património Cultural e pela Direção Regional de Cultura do Norte", acrescenta Seara de Sá, que está a equacionar essa opção e não a propôs, ainda, às entidades competentes.
O JN contactou Siza Vieira, mas não obteve resposta até ao fecho desta edição.
O parque tem capacidade para 166 lugares e é um dos mais importantes da cidade, pois é o principal local de estacionamento de quem quer aceder à Câmara e Tribunal, entre outros serviços.
Problemas
Rampa íngreme
Todas as saídas para peões são feitas por escadas e não há elevador. A alternativa é a rampa dos carros, que é íngreme, e praticamente impossível de subir para uma pessoa em cadeira de rodas ou com um bebé.
Saída na estrada
Se a pessoa com mobilidade reduzida conseguir sair do parque pela rampa dos automóveis, a saída vai ter diretamente ao paralelo da estrada, concretamente à rotunda que circunda o tribunal, pondo-se em risco e aos automobilistas.
Infiltrações
Embora a Câmara Municipal já tenha resolvido grande parte dos problemas de infiltrações ao longo do tempo, as principais zonas de acesso ou saída para peões continuam a inundar com facilidade em dias de chuva.
Lotação em falta
A indicação visual da lotação do parque também não estava, inicialmente, no projeto. A Câmara corrigiu.
Inaugurada por acabar
A obra foi inaugurada a poucos dias das Autárquicas de 2005 sem estar acabada. A Câmara da altura falou em "visita guiada", mas o convite era para "inauguração".
