Dados do INE registam maior subida absoluta em Vila do Conde. Abertura de novos alojamentos potencia este crescimento, destaca associação.
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Quase como um reflexo semelhante ao movimento de residentes para fora do Porto, também os turistas começam a dormir em concelhos mais periféricos. Comparando o número de dormidas em alojamentos turísticos registados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em maio deste ano com os de 2022, verifica-se um aumento substancial de estadias em Vila do Conde (quase duplicou), Gondomar, Espinho, Santo Tirso e Paredes.
A somar à elevada procura do Porto, o crescimento deste comportamento está, naturalmente, associado à abertura de novos estabelecimentos nesses municípios. De igual modo, também a busca pela natureza está, desde a pandemia, a potenciar o ressurgimento do turismo rural. É esse o caso de Paredes. Dos cerca de 10 mil alojamentos registados em 2023, cerca de metade estavam inseridos nessa modalidade.
Se olharmos para a Área Metropolitana (AMP), à exceção do Porto e Gaia, Vila do Conde é o município com a maior subida absoluta de dormidas num só mês: quase mais sete mil em maio. Em segundo lugar está Gondomar, com mais 5828 dormidas, e depois Espinho, com mais 4266.
Várias ofertas
Para Inês Sá Ribeiro, presidente-executiva da Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo (APHORT), este é um “processo natural”. Apesar de admitir que o Porto “está um pouco lotado”, rejeita uma eventual quebra no setor, já que continua a haver oferta de qualidade. Contudo, nota que os próprios negócios aperceberam-se da oportunidade oferecida pelo turismo no Porto, explica, investindo também em novos estabelecimentos para responder a essa procura e indica Arouca como um dos municípios que está a tentar aproveitar a ocasião.
“Também não existem destinos com ofertas tão diferentes como a Região Norte”, nota Inês Sá Ribeiro, destacando, igualmente, a facilidade e rapidez com que qualquer turista consegue chegar ao Porto a partir de um desses concelhos.
Ao mesmo tempo, a presidente-executiva da APHORT, com sede no Porto, sublinha a promoção que tem sido feita pelos próprios municípios para atrair estrangeiros e até mesmo portugueses. “Vemos muitos turistas nacionais do Sul a procurar descobrir a Região Norte”, reconhece. “Tem de ser assim: um caminho de equilíbrio. Ao mesmo tempo, conseguimos dispersar a concentração que existe no Porto, criando o melhor dos dois mundos”, aplaude. Contudo, deixa um alerta relativamente à taxa turística em vários destes concelhos: “Pode criar um efeito perverso”.