Governo e Câmara de Guimarães reuniram-se para intermediar negócio que pode viabilizar grupo empresarial com "bazuca" europeia.
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A insolvência da Coelima pode, afinal, transformar a histórica fábrica de Guimarães num grande ativo do têxtil nacional ligado à fileira tecnológica e da saúde. Esta é, pelo menos, a intenção demonstrada pelas quatro empresas interessadas na compra da firma. Ontem, o presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança, reuniu-se com o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, no sentido de encontrarem uma solução para a crise da emblemática fábrica têxtil que pediu insolvência no passado dia 14.
"Há adquirentes para a Coelima", revelou Domingos Bragança, ao JN. Como sempre, o segredo é a alma do negócio, mas já se sabe que os interessados na compra são quatro empresas de referência, das regiões de Moreira de Cónegos e de Pevidém, no concelho de Guimarães. Pretendem, segundo Domingos Bragança, "abrir espaço para uma grande oportunidade de viabilização destes ativos da Coelima".
Automação robótica
Concretamente, acrescenta o autarca, a intenção dos compradores é aliar "projetos colaborativos na área da automação robótica" com "a fileira dos têxteis de saúde". Ou seja, a viabilização da Coelima passaria sempre por manter a atividade industrial na área têxtil, aproveitando a experiência dos cerca de 250 trabalhadores para o desenvolvimento e fabrico de têxteis úteis nos hospitais e, em período de pandemia, na sociedade.
O objetivo é que o projeto de compra consiga desenvolver a Coelima recorrendo ao Plano de Recuperação e Resiliência, a chamada "bazuca" europeia, que vai transferir 16 643 milhões de euros para Portugal, dos quais cerca de 5000 milhões serão destinados às empresas. Enquanto decorrem as negociações para a venda da Coelima, o Tribunal de Guimarães deverá proferir a declaração de insolvência, que atirará qualquer decisão para a mão dos credores.
A última crise da Coelima tinha sido em 2011, ano em que foi comprada pelo grupo MoreTextile. Na altura, o grupo comprou ainda a António Almeida & Filhos (Guimarães) e a JMA Felpos (Santo Tirso). As três passaram a partilhar a mesma administração, liderada por Alcino Soutinho, que cessou funções no mês passado.
O capital da MoreTextile é do Fundo de Recuperação, gerido pela ECS, que é uma empresa de capital de risco que tem a participação direta do Estado português, da Caixa Geral de Depósitos e dos principais bancos nacionais. Ou seja, a viabilização da Coelima, e consequentemente do grupo MoreTextile, permitiria salvaguardar as entidades bancárias de duas formas.
Por um lado, assegurando que não se desfaz um dos ativos, e por outro assegurando o cumprimento dos empréstimos que a Coelima tem.