Criada por uma mãe de uma mãe, que em 2018, viu o filho de 10 anos, morrer vítima de leucemia, a cooperativa Pedrinhas, sediada da Lousã, reúne voluntários para intervenção em habitações de famílias de jovens com doença oncológica, e outras patologias muito graves. Para continuar a missão solidária, a associação tem em curso uma angariação de fundos.
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Xavier (nome fictício) vivia numa casa, na zona centro do país, onde chovia no interior e se via terra por baixo do chão. O menino, que sofre de doença oncológica, não podia sair do Hospital Pediátrico de Coimbra para ali viver. Valeu-lhe a Pedrinhas, uma cooperativa de solidariedade social criada em 2018, que, de forma gratuita, conseguiu reconfigurar e quase reconstruir a habitação.
O mesmo já aconteceu nas casas de outros quatro jovens da região. Uns com doença oncológica, outros com gravíssimos problemas de saúde, todos não teriam condições para uma vida digna quando recebessem alta hospitalar, não fosse a intervenção da instituição.
A história da Pedrinhas é, desde o início, um caminho de amor. Foi criada por Ana Brazião, arquiteta de profissão, que, em 2018, viu o filho Pedro morrer aos 10 anos, vítima de leucemia.
"Este problemas, além de muito graves, surgem de uma forma repentina e os pais não têm estrutura física ou financeira para entrar num processo de obras em casa
O tempo passado a assisti-lo no hospital, despertaram-na para a realidade de ter enfrentar doenças deste tipo e criou a associação, que hoje conta já com mais de 150 voluntários, além dos fundadores e dos próprios cooperantes.
"Estes problemas, além de muito graves, surgem de uma forma repentina e os pais não têm estrutura física ou financeira para entrar num processo de obras em casa", sublinha Ana Brazião.
Ao apoio de superfícies comerciais na aquisição dos materiais, soma-se a boa vontade dos voluntários. E a Pedrinhas vai erguendo novos "castelos", o nome dado às casas que recebem obras de adaptação.
Instituição vende pacotes de sementes no comércio local, mas contar com grandes suerfícies "seria ótimo"
No horizonte estão já mais quatro "castelos" a construir e dois em lista de espera. Mas são necessários fundos, pelo que a Pedrinhas tem em curso uma campanha de venda de sementes, que podem até servir como prendas de Natal (ver caixa).
E é da boa vontade dos particulares que estas sementes podem crescer e criar vidas novas. "Os pacotinhos estão à venda em lojas de comércio local, mas também mandamos por correio", explica Clara Santos, vice-presidente e fundadora.
As duas responsáveis destacam que, entre os jovens apoiados, muitos pertencem a famílias restruturadas e de poucos recursos, pelo que esta ajuda é fundamental. Importante seria, por isso, também conseguir que os pacotes de semente fossem vendidos em grandes superfícies, a par do comércio local. "Era mesmo ótimo", concluem.