Aeronave despenhou-se no rio Douro, em Lamego, com seis tripulantes, cinco deles da equipa especial da GNR. Piloto salvou-se e há um desaparecido.
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Um helicóptero onde seguiam cinco militares da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPS) da GNR, além do piloto, caiu no rio Douro, no Peso da Régua, quando regressava do combate a um incêndio florestal em Baião. Quatro militares morreram no acidente mas as autoridades mantêm a esperança de encontrar com vida o homem mais novo, de 29 anos, e o único solteiro. O mais velho tem 45 anos. As buscas são retomadas ao raiar do dia de hoje, depois de terem sido mantidas equipas de vigilância noturna nas margens do rio.
Foi declarado luto nacional para hoje, anunciou o primeiro-ministro, Luís Montenegro, depois de se ter reunido com o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O acidente, que está já a ser investigado por “peritos do gabinete de acidentes com aeronaves”, adiantou o comandante da Polícia Marítima do Norte, Silva Lampreia, aconteceu pelas 12.50 horas, próximo de Samodães, Lamego. Nessa altura, a aeronave voltava ao Centro de Meios Aéreos de Armamar, onde ficaria estacionada.
O piloto, Luís Rebelo, de 44 anos, foi resgatado com ferimentos ligeiros. Dos restantes tripulantes, quatro foram encontrados sem vida, mas o cair da noite obrigou à suspensão das operações de busca sem sinal do quinto militar.
“A família da Guarda está de luto”, lamentou a porta-voz da GNR, tenente-coronel Mafalda Almeida.
O helicóptero regressava de um incêndio onde os militares haviam estado empenhados em trabalhos de rescaldo. “Aconteceu qualquer coisa que fez com que a aeronave se despenhasse”, explicou Silva Lampreia.
Ao JN, o funcionário de uma oficina em Lamego relatou ter-se apercebido da aeronave pelo barulho. Quando a avistou, diz ter reparado numa perda gradual de altitude, tendo depois perdido o helicóptero de vista. Certo é que, pouco depois, a aeronave embateu na água, submergindo em poucos segundos e partindo-se em duas partes. “Já vinha de lado, não vinha em boas condições de planagem. Chegou à água, foi de ‘nariz’ e bateu com as hélices, que ficaram logo desfeitas. A barragem estava a lançar muita água naquela altura e rapidamente ficou submerso”, explicou Joaquim Rocha, tripulante de uma embarcação de recreio que se encontrava a poucos metros do local, em declarações à CNN.
Submersos a seis metros
Luís Rebelo conseguiu sair do helicóptero pelos próprios meios e ficar à tona. A equipa do barco turístico, ao aperceber-se, foi no seu encalço. “Estivemos 35 a 40 minutos para tirar o homem de lá. Estavam dois turistas espanhóis a bordo, médicos, que o socorreram logo com a farmácia precária que temos e não o largaram até chegarem as equipas médicas”, contou a mesma testemunha.
Luís sofreu fraturas nas pernas e escoriações, mas não corre risco de vida. Foi transportado para o Hospital de Vila Real, onde está sob observação médica.
Debaixo de água ficaram os cinco militares da GNR, que, ao que tudo indica, envergavam equipamentos de combate a incêndios rurais. O piloto, na embarcação que o socorreu, fartou-se de perguntar por eles, mas ninguém os viu a vir à superfície.
Poucas horas depois, quando os meios de socorro e várias equipas de mergulhadores já se encontravam no local, Silva Lampreia confirmou aos jornalistas que haviam sido localizados dois cadáveres no interior da aeronave, submersa a cerca de seis metros de profundidade.
Só ao final da tarde viriam a ser encontrados os corpos de outros dois militares da GNR. “Estavam junto à cauda da aeronave. São todos aqui da região”, explicou o comandante regional da Polícia Marítima.
Perto do local do acidente, onde se haviam deslocado depois de terem sido informados da tragédia, os familiares das vítimas estiveram a ser apoiados por equipas de psicólogos.
Em declarações à Comunicação Social, o comandante regional da Polícia Marítima garantiu que todos os meios possíveis estavam a ser empenhados para encontrar a vítima que ainda faltava localizar.
manter esperança viva
As condições de visibilidade da água do rio Douro dificultaram, ao longo de toda a tarde, as operações de resgate. “A água tem alguma turbidez. Todavia, estamos com técnicas de mergulho adequadas, no sentido de tentar localizar o desaparecido”, deixou claro o responsável da Marinha. Contudo, frisou: “Não vamos descansar enquanto não encontrarmos o camarada que está desaparecido”.
Também a tenente-coronel Mafalda Almeida sublinhou, ao início da noite e em declarações aos jornalistas, que mantém “esperança que o militar possa ser encontrado” para que seja possível dar “algum conforto à família”.