Profissionais de Gaia, da Feira e de Torres Vedras, premiados no Campeonato do Mundo, já preparam nova competição.
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Vestem as cores da seleção nacional e preparam-se para começar os treinos mais intensivos para participar em mais um Campeonato do Mundo, onde são distinguidos os melhores cabelos, mas também make-up (maquilhagem) e nail art (unhas), entre representantes de cerca de 50 países. No Grande Porto, há mãos de bronze na hora de cortar o cabelo. Mesmo que, para isso, tenham de pagar centenas de euros do próprio bolso para participar.
O Núcleo Nacional da Arte em Cabelos, fundado em 2018, está recetivo a encontrar novos talentos, mas a fasquia está alta. É que, no final de 2021, Portugal arrecadou a medalha de bronze no Campeonato do Mundo por equipas, na categoria "trend cut" (penteado de tendência). O feito foi alcançado por Jorge Pereira, 43 anos, de Santa Maria da Feira, Ruben Pereira, 41, de Gaia, e Henrique Ferreira, 37, de Torres Vedras. Os três têm em comum o facto de se terem iniciado na profissão na adolescência, por influência dos pais, também eles barbeiros.
"Este galardão representa o esforço, a dedicação e o empenho que entregamos à nossa atividade", diz Henrique, "orgulhoso por representar o país" e ciente de que o prémio "motiva para se fazer mais e melhor".
Jorge Pereira, que em maio do ano passado já havia subido ao terceiro lugar do pódio no Campeonato da Europa (categoria "fashion pro"), salientou ao JN que o prémio alcançado "é o resultado de muitas horas dedicadas a treinar", inclusive com a presença em Portugal de "treinadores internacionais", cujos países estão "muito mais à frente". Até porque a ambição "é chegar o mais longe possível".
Já Ruben Pereira, que foi desafiado pelo primo Jorge a integrar a equipa, está convicto de que não podem "baixar os braços", sublinhando que o objetivo no próximo mundial "é voltar a arrecadar prémios".
Campeonatos online
Há dois anos que, por conta da pandemia, os campeonatos internacionais só acontecem online. O Campeonato do Mundo deste ano esteve previsto para o Japão, mas a organização já confirmou que tal não vai acontecer. Por isso, os modelos humanos são trocados por "cabeças académicas" (bonecos), devidamente homologadas pela organização e cada candidato envia fotos do trabalho realizado. "O prémio de equipa é o somatório de pontos alcançados pelo trabalho individual de cada um em cada categoria", explicou Jorge.
Além de um valor de inscrição assumido pelo Núcleo Nacional de Arte em Cabelos, o profissional que vai ao Campeonato do Mundo paga "uma média de 800 euros por cada categoria em que se inscreve", disse Jorge: "Há pessoas que pagam dois mil euros por uma bicicleta. Para nós, este é o nosso hobby".
Curiosidades
Criação da seleção
O Núcleo Nacional da Arte em Cabelos foi fundado em 2018 para formar uma seleção nacional de cabeleireiros para representar Portugal nos campeonatos do Mundo e da Europa. Eventos que são realizados pela maior organização mundial de beleza, a Organisation Mondial Coiffure.
Quinto lugar
A seleção de 25 elementos concorre a várias categorias, não só em cabelo, mas também Make-up e Nail Art. No ano passado, Portugal arrecadou também um quinto lugar em Nail Art, com a concorrente Iulia Cojocari.