A Câmara de Fafe tem um acordo antigo que a "obriga" a receber lixo da região. A localização numa zona limítrofe com o concelho de Felgueiras levou este município a emitir um comunicado, anteontem, para se manifestar "surpreso e preocupado" com esta possibilidade.
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A frase proferida por Antero Barbosa, presidente da Câmara de Fafe, numa reunião do executivo municipal há cerca de mês e meio colocou a população em alerta. "Se houver um novo aterro no Ave terá de ser em Fafe", disse, apontando para um acordo antigo que esta Câmara assumiu há cerca de 20 anos no âmbito da já extinta Associação de Municípios do Vale do Ave (AMAVE).
Nessa altura era a AMAVE quem fazia a gestão da recolha de resíduos e funcionavam dois aterros, um em Santo Tirso e outro em Guimarães. No período de vigência dessas duas estruturas, e no intuito de haver rotatividade entre os municípios recetores, ficou acordado de que Fafe seria o seguinte.
Em 2009 chegou a haver um concurso público para a construção do aterro num terreno situado numa zona limítrofe das freguesias fafenses de Armil e Cepães mas esse projeto não teve seguimento porque, entretanto, a maioria das autarquias da AMAVE aderiu à Resinorte, empresa de capitais maioritariamente privados que gere atualmente os aterros de Celorico de Basto, Boticas e Lamego, para onde são levados os lixos da região do Ave.
Há compromissos assumidos que nos levam a ter de pensar bem neste assunto porque se de facto houver um novo aterro tem de ser no nosso concelho
"Há compromissos assumidos que nos levam a ter de pensar bem neste assunto porque se de facto houver um novo aterro tem de ser no nosso concelho", refere, ao JN, o edil de Fafe, Antero Barbosa. Contudo, como a questão não se coloca no imediato, garante estar, com outros autarcas, em conversas com o Ministro do Ambiente para que se encontre uma solução alternativa.
"Pode passar por um outro sistema de tratamento de lixo que não o aterro ou até que sejam as autarquias, com o Governo, a suportarem um pouco mais o transporte do lixo para os aterros já existentes", sugere, garantindo que o ministro Duarte Cordeiro está sensível a este problema.
Autarca de Felgueiras não comenta, para já
Este debate na praça pública levou a que as populações de Armil e Cepães se insurgissem contra a possível instalação do aterro, já projetada em 2009. "O que à data foi definido e estudado pode até já nem estar atual e não é certo que a haver aterro ele cumpra a localização" então, diz Antero Barbosa.
A localização numa zona limítrofe com o concelho de Felgueiras levou este município a emitir um comunicado, anteontem, para se manifestar "surpreso e preocupado" com esta possibilidade e assumiu que acautelará "todos os interesses do município". Nuno Fonseca, autarca felgueirense, declinou falar ao JN nesta fase onde ainda desconhece o que estará em causa.