Histórias de quem renasce das cinzas. "Daqui ninguém sai, vamos lutar até ao fim"

Fernando tinha um “kit de bombeiro”, e em casa uma piscina cheia com 22 mil litros de água
Foto: Maria João Gala
Entre as dezenas de empresas que os fogos arrasaram há histórias de proprietários que viram a morte à frente. Das cinzas renasce agora a esperança.
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Deitado na estrada, ao lado do filho e do genro, armados com uma mangueira contra as chamas que lhes passavam por cima, vindas do mato em direção à casa. Fernando Arede, 60 anos, aponta para o lugar do alcatrão da via municipal de Águeda onde, na madrugada de terça-feira, dia 17, só não morreu porque o destino não quis, ao lado de Joel, de 28 anos, e do marido da filha, Flávio, de 35. Minutos antes, no quintal da vivenda em Salgueiro, Valongo do Vouga, Joel disse ao pai que era melhor fugirem ou não sairiam dali vivos. “Cego” pelo fogo, Fernando traçou o destino num grito. “Daqui ninguém sai, vamos lutar até ao fim”. E deram um abraço de morte. “Foi como se nos estivéssemos a despedir, nesse momento pensei que íamos morrer”, conta a chorar ao JN, quase duas semanas depois.

