Por gosto ou por curiosidade, 15 homens decidiram juntar-se ontem à volta dos tachos, no workshop "Paladares no masculino", promovido pela Câmara Municipal do Seixal e dedicado à cozinha tradicional portuguesa.
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A ementa foi complexa, mas todos fizeram um pouco de tudo. Os sonhos de polvo serviram de entrada. A tranche de garoupa com broa à moleira e o lombinho de cabrito escondido em massa tenra foram os pratos principais, enquanto a relíquia de requeijão do convento foi a sobremesa.
A maioria dos participantes é estreante e, para casa, leva truques que tornem a comida mais saudável e evitem o desperdício. "A questão de meter o bife na frigideira um bocado, escorrer o molho e levar novamente à frigideira vou repetir", reconhece Rui Cardoso, de 29 anos, que por necessidade também veste o avental na sua casa em Paio Pires.
"Fazemos grande desperdício das peças principais e há sempre um conjunto de aproveitamentos que se pode fazer", salienta, por outro lado, o repetente Luís Pitarma, de 48 anos, referindo-se às espinhas do peixe que serviram para fazer o molho.
"Levo essencialmente a ideia de que fazer bolos é fácil e um à vontade maior para ir aos tachos", conta António Fonseca, de 55 anos, da Costa de Caparica. Já José Pinto, de 68 anos, promete surpreender a mulher. "No Porto consome-se bastante polvo e em casa é muito difícil deixá-lo tenrinho. Aqui percebi que com a batata fica sempre. Vou fazer", afirma José Pinto.
Habituada a ter formandos do sexo masculino, a chefe Irene Gonçalves destaca a atenção que prestam às suas explicações. "É agradável ver que estão sempre motivados", refere, apontando duas razões para os homens estarem hoje mais na cozinha. "É uma moda. É por necessidade, porque as mulheres todas trabalham e os homens têm de ajudar nas tarefas da casa", diz.