O presidente do Conselho Metropolitano do Porto, Eduardo Vítor Rodrigues, adianta que os horários da Unir são válidos para todo o ano. Haverá casos "excecionais" de linhas desativadas no verão cujo serviço é apenas escolar. O também autarca de Gaia nota que o serviço da rede está a melhorar e as reclamações a diminuir.
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"Há uma grande confusão", nota o presidente do Conselho Metropolitano do Porto, Eduardo Vítor Rodrigues, quando questionado esta sexta-feira sobre os horários de férias escolares da rede de autocarros Unir. "As pessoas estavam habituadas a dois tipos de horários: os normais e os de verão, tendo em conta o encerramento das escolas. Neste momento, os horários da Unir são iguais nos dois períodos. Não há alterações", assegurou aos jornalistas o também presidente da Câmara de Gaia, dando como exemplo o seu concelho, onde "não há uma única alteração".
Certo é que o município de Valongo publicou no seu site, a 1 de julho, os horários do serviço no seu concelho para o período de férias escolares. Sobre isso, Eduardo Vítor responde que "houve uma dificuldade de comunicação entre o município que decidiu resolver o assunto diretamente" e a Área Metropolitana do Porto (AMP). "Quando há problemas, tudo verte para a AMP. Quando é preciso tomar assim umas iniciativas, muitas vezes toma-se nas costas da AMP", critica.
O líder do Conselho Metropolitano reconhece existirem "casos muito especiais e excecionais" onde as próprias Câmaras pediram a suspensão de linhas "pensadas e concebidas como transporte escolar". "Circulavam em vazio e os Municípios tinham que pagar a falta de bilhética desses trajetos", clarifica.
Sobre as reclamações dos passageiros, às quais os utilizadores dizem não receber resposta da AMP, Eduardo Vítor Rodrigues reconhece que a "equipa não é muito grande", - serão quatro ou cinco pessoas -, mas garante que "tem vindo a dar resposta às pessoas".
Ainda assim, as linhas de atendimento (não existe nenhuma exclusiva da Unir), adianta, "estão entregues a cada um dos operadores". São "quem tem de dar a cara pelos horários", sublinha Eduardo Vítor Rodrigues, indicando também os contactos criados pelos próprios Municípios para esclarecer dúvidas aos passageiros. No caso de Gaia, cujo centro de atendimento vai ser reforçado, os contactos são o 938 018 865 e 936 520 029. Lá, as reclamações chegaram às 200 num só dia. Atualmente, não serão mais de três por dia.
Recorde-se que foi criado um grupo de informação entre os utilizadores para partilha de dúvidas precisamente sobre os horários.
"O serviço está melhor do que estava"
Quanto às dificuldades em realizar a operação de forma plena, o presidente do Conselho Metropolitano do Porto revela: "A Auto Viação Feirense contrata 50 motoristas de Cabo Verde. Eles cumprem dois ou três meses de trabalho e aparece a empresa do lado a dar-lhes mais 50 euros. Eles mudam-se. E, claro, isso tem repercussão na rede".
"Os principais interessados em produzir quilómetros são as empresas. É assim que ganham dinheiro. O problema é que, em muitos casos, os autocarros estão na garagem porque demoram dois, três, quatro meses a serem licenciados pelo IMT [Instituto da Mobilidade e dos Transportes]", continua o líder da AMP.
"Apesar de tudo, temos tido uma evolução muito significativa. As empresas, hoje, estão melhores do que estavam e o serviço está melhor do que estava", reconhece o também presidente da Câmara de Gaia. Eduardo Vítor Rodrigues adianta que estão a ser realizadas "reuniões periódicas de grande tensão" entre a AMP e os operadores "para corrigir e deixar tudo direitinho".
Empresa metropolitana de transportes avança em setembro
A gestão da rede da Unir mantém-se na alçada da AMP, algo que deverá prolongar-se até à primeira quinzena de setembro, altura em que Eduardo Vítor Rodrigues perspetiva constituir a administração da nova empresa metropolitana de transportes. Só não avançou mais cedo porque "o compromisso que ficou estabelecido entre todos [os 17 autarcas da AMP] era deixar passar o contexto das eleições europeias".
Concluída essa etapa, o trabalho deverá começar de imediato. Já há nomes em cima da mesa para assumirem essas posições, mas o presidente do Conselho Metropolitano do Porto não quis avançar com nenhum. Certo é que terá de haver "entendimento entre todos".
Com a saída do presidente da Câmara da Trofa, Sérgio Humberto, para o Parlamento Europeu, o presidente da Câmara da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, assumiu esta sexta-feira a vice-presidência do Conselho Metropolitano do Porto. "O PSD delegou no engenheiro Aires Pereira a gestão deste processo. Eu próprio estou a articular o processo do lado do Partido Socialista. Tenho diálogos com outras forças políticas, porque também temos o CDS [em Vale de Cambra] e temos os independentes, o presidente Rui Moreira [Porto], e isto é uma coisa de todos", afirmou Eduardo Vítor.
"Isto não é uma coisa das maiorias nem dos partidos, nem nada disso", sublinhou, perspetivando "uma administração boa, competente, que ajude a resolver os problemas e que minimize as dificuldades que a AMP tem tido".
A empresa reunirá 60 trabalhadores (três administradores), transferidos da própria AMP como dos Municípios. A fiscalização será uma das funções da empresa, que terá também competência sobre a gestão da bilhética. Esta sexta-feira, em reunião de Conselho Metropolitano, o presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, revelou que há títulos a serem cobrados indevidamente apesar de se encontrarem dentro do tempo de utilização.
"São problemas técnicos dos Transportes Intermodais do Porto (TIP). Vamos ter oportunidade, a partir de setembro, de resolver os problemas com a empresa metropolitana, passando os TIP à história e sem grandes saudades", afirmou.