<p>Dos 16 centros hospitalares do Norte, só um respeita os tempos máximos de resposta para cirurgia. O Tâmega e Sousa é o único a operar doentes normais, prioritários e muito prioritários dentro do prazo. A 30 de Novembro, 61 mil pessoas aguardavam por cirurgia.</p>
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Os últimos números do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), a que o JN teve acesso, revelam que os hospitais da região têm dificuldade em cumprir os tempos exigidos para cirurgias muito prioritárias, cuja resposta deve ser dada num máximo de 72 horas. Nestes casos, a taxa de incumprimento é de 39%. Nas cirurgias prioritárias (máximo quatro meses), o incumprimento baixa para 27% e nas normais (máximo nove meses) desce para 13%.
Criado em 2004, o SIGIC estabelece que o doente seja transferido para unidades públicas ou convencionadas (privados e sociais) sempre que os prazos não sejam respeitados e define uma penalização para o incumpridor. Se não houver oferta no exterior, o prazo máximo para resposta à cirurgia é alargado para um ano.
A 30 de Novembro de 2009 estavam 61009 doentes inscritos para cirurgia na região, menos 2606 do que em Janeiro do mesmo ano. A grande maioria era para intervenções normais (57250) e apenas 283 estavam classificados como muito prioritários.
Na mesma data, a mediana do tempo de espera na região Norte situava-se nos 3,2 meses, um pouco mais do que em Julho (3,1 meses), mas melhor do que em Janeiro (3,3 meses).
A nível individual, o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (inclui os hospitais de Penafiel e Amarante) foi o único a respeitar a 100% os prazos para as intervenções normais, prioritárias e muito prioritárias.
O Centro Hospitalar do Porto (inclui Santo António, Maternidade Júlio Dinis e Maria Pia) tem o maior número de inscritos da região (9013) e não respondeu em tempo útil a 62% das cirurgias muito prioritárias, 26% das prioritárias e 17% das normais.
O S. João, com 7182 inscritos para cirurgia, apresenta melhores resultados: não cumpriu os tempos para 15% das muito prioritárias, 5% das prioritárias e 2% das normais. O Hospital de Braga, com 7395 inscritos, deixou passar o prazo para 63% das cirurgias muito prioritárias, 44% das prioritárias e 40% das normais.
Contactado pelo JN, o presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa não escondeu a satisfação. José Alberto Marques atribui os resultados positivos à estratégia iniciada em 2006 de alargar o funcionamento do bloco operatório e ao investimento feito no ambulatório, que logo no primeiro ano fez aumentar a produção em 130%.
"Com a constituição do Centro Hospitalar e a integração do S. Gonçalo esperávamos um abrandamento, mas conseguimos ter mais produção e ser o único da região sem doentes fora dos tempos estabelecidos", referiu José Alberto Marques. O responsável salienta que a mediana de espera no Tâmega e Sousa é de 1,5 meses, "menos de metade da região".
Neste capítulo, o Hospital de Braga é o que apresenta piores resultados no Norte: em média os doentes têm de aguardar 6,8 meses por uma cirurgia. No Centro Hospitalar do Porto a espera é de 3,7 meses e no Centro Hospitalar de Gaia/Espinho a espera é de 4,2 meses. O Hospital de S. João responde em 2,3 meses e o Hospital de Valongo é o que apresenta menor espera (1,4 meses), mas a 30 de Novembro tinha apenas 293 inscritos para cirurgia.