Hospital de Braga desmente cateterismo "a sangue frio" a doente com diagnóstico ao fim de "36 horas"
A Unidade Local de Saúde (ULS) de Braga esclareceu, esta quinta-feira, que o doente diagnosticado com enfarte do miocárdio alegadamente ao fim de 36 horas no hospital de Viana do Castelo, e que foi depois transferido para o hospital daquela unidade, não foi submetido a cateterismo "a sangue frio", conforme relatado.
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Em resposta a questões sobre o caso enviadas pelo Jornal de Notícias, a assessoria de imprensa da ULS confirmou que o utente "deu entrada no hospital de Braga no dia 20 de outubro de 2023, tendo sido referenciado para a realização de um cateterismo cardíaco devido a uma suspeita de enfarte do miocárdio". O procedimento "foi realizado sem qualquer intercorrência, seguindo todos os protocolos e procedimentos estabelecidos para este tipo de intervenção", sendo que "importa referir que o cateterismo cardíaco é efetuado com a administração de anestesia local, não sendo necessária anestesia geral".
Recorde-se que Ricardo Gonçalves, de 48 anos, apresentou uma queixa-crime no Ministério Público (MP) contra a ULS do Alto Minho, pelo suposto diagnóstico tardio no hospital de Viana. O doente relata que os cardiologistas do hospital de Braga lhe fizeram um cateterismo "a sangue frio", justificando a intervenção sem anestesia com a "falta de tempo" para tal, por causa da gravidade da sua situação clínica, e dizendo que tinha "sorte" por ainda estar vivo.
O utente de Viana do Castelo afirma também que o hospital de Braga terá recusado a sua transferência na noite de 19 para 20 de outubro de 2023, e apenas o terá recebido na manhã de dia 20.
Na resposta dada esta quinta-feira, a ULS de Braga afirma que "a valência de Hemodinâmica do Serviço de Cardiologia da ULS de Braga está operacional 24 horas por dia, todos os dias da semana, garantindo assim uma resposta rápida e eficaz em situações de urgência cardíaca". Informou ainda que, até ao momento, "não foi registada qualquer queixa-crime relacionada com a situação em apreço".
O caso que remonta a outubro de 2023 foi noticiado pela TVI/CNN na segunda-feira à noite.
A ULS do Alto Minho anunciou no dia seguinte a abertura de um inquérito interno, justificando que "teve conhecimento da situação através da comunicação social, não tendo sido efetuada [pelo queixoso] qualquer exposição ou reclamação nos canais internos da instituição".
A procuradoria-geral da República confirmou a instauração de um inquérito, com origem numa queixa, e que corre no DIAP de Viana do Castelo.