ULS do Alto Ave é recordista no envio de doentes para a rede de cuidados continuados. Como não têm vagas, vão para os particulares.
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A Unidade Local de Saúde (ULS) Alto Ave, em Guimarães, referencia, desde há vários anos, mais utentes para a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados do que qualquer outra unidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Nem todos são imediatamente absorvidos pela rede e são colocados em camas de retaguarda pagas a privados. No portal da contratação pública, encontram-se apenas duas aquisições deste tipo de camas pela ULS: uma em 2023, por ajuste direto, e outra este ano, por consulta pública. Contudo, a unidade continua a enviar utentes para outras instituições privadas. Ao JN, a administração da ULS Alto Ave não justifica a diferença de referenciação face a outras unidades do SNS, apontando para a “necessidade de contratualizar camas supletivas para complementar a capacidade de acomodação dos utentes”.
Na comparação com outros hospitais do Norte, entre 2015 e outubro de 2024, a ULS Alto Ave (antes, Hospital Senhora da Oliveira) foi sempre a que mais utentes referenciou para os cuidados continuados, destacando-se do vizinho Hospital de Braga ou do, muito maior, Hospital de São João, no Porto. A nível nacional, só o Hospital de Cascais é que referenciou mais, mas apenas entre janeiro de 2021 e maio 2023. Em 2024 até outubro, o Hospital de Braga, que serve uma população de mais de um milhão de habitantes, enviou 464 utentes. Já o Hospital de Guimarães, que abrange 450 mil habitantes, indicou 1542. Anualmente, desde 2021, esta unidade remete perto de duas mil pessoas, ao passo que o Hospital de Braga nunca atingiu as 700.