Projeto prevê a criação de um circuito sem obstáculos para pessoas com mobilidade reduzida com passadeiras e rampas. Limitações impostas pela pandemia acentuaram dificuldades.
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O Hospital de S. João, no Porto, vai criar um "anel de circulação no campus hospitalar", sem obstáculos e com passadeiras devidamente sinalizadas, para garantir uma maior "segurança e autonomia" dos utentes com mobilidade reduzida. O projeto, que começou a ser discutido no início do mandato do atual Conselho de Administração, prevê ainda a criação de rampas e a substituição, já em curso, da sinalética no exterior e interior da unidade hospitalar.
Identificados os pontos para melhoria das acessibilidades no circuito hospitalar, decorre agora o "processo de validação com quem sente a realidade", antes do projeto saltar do papel para o terreno. "Este é um plano estratégico que remonta previamente à pandemia por covid-19 e que procura sobretudo a humanização neste acesso aos nossos doentes e utentes. Todos nós [Conselho de Administração] somos profissionais da casa, conhecemos a realidade e a vivência do hospital e, portanto, tínhamos a sensibilidade na identificação de áreas de melhorias que deveriam ser feitas", referiu Sofia Leal, vogal-executiva do Conselho de Administração.
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Projeto viável
Em cadeira de rodas há cerca de três anos devido a uma lesão medular, César Coelho está a colaborar com o hospital. É utente há mais de duas décadas e um bom conhecer das dificuldades. Desde a falta de passeios às rampas com a inclinação incorreta. O projeto concebido pelo S. João parece-lhe viável. "Será possível ir a qualquer ponto do hospital onde haja atendimento. Neste momento, para ir à psiquiatria, não há passeio. Tenho de ir uma parte pelo jardim e passar no estacionamento para conseguir ir à consulta. Também tenho de subir numa zona em que o passeio tem um degrau. Para uma pessoa que não tenha destreza com a cadeira, a circulação é muito difícil", exemplificou César Coelho, admitindo que, no contexto de pandemia, deparou-se com novas dificuldades no acesso a serviços.
"As limitações impostas pela covid e de circulação no interior do hospital levaram a que a circulação pelo exterior tivesse de ser feita mais vezes. Ao fazer essa circulação é que me deparei com dificuldades, principalmente quando os lugares de estacionamento que existiam à beira do Hospital de Dia deixaram de existir porque essa área foi reservada para covid", recordou o utente.
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O problema já foi solucionado, com a criação de um passeio de acesso às consultas externas. A intervenção, antecipada por força da pandemia, estava contemplada no plano de acessibilidades. "Esta necessidade do passeio agudizou-se com a primeira vaga da pandemia. Tivemos de, de uma forma muito célere, para a segurança dos nossos utentes, redefinir as portas de entrada e isso precipitou a necessidade de as pessoas fazerem outro percurso. Face a essa necessidade premente, percebemos que essa intervenção teria de ser imediata e assim fizemos", explicou Sofia Leal.