Mulher de Viseu queixa-se de não ter recebido carta para ir a consulta. Diz que a falha prejudicou o tratamento.
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O Centro Hospitalar Tondela-Viseu (CHTV) abriu um inquérito ao caso de uma mulher, de 44 anos, que alega ter sido alvo de negligência por parte do hospital por não lhe ter sido detetado um cancro no colo de útero. A empresária não vai apresentar qualquer queixa judicial, mas decidiu denunciar o seu caso publicamente para que mais ninguém passe pelo "pesadelo" que viveu.
Susana Gomes diz que o seu calvário começou em agosto de 2019, quando foi à médica de família para uma consulta de rotina de planeamento familiar. Na altura, mudou o dispositivo intrauterino e fez um Papanicolau. "Correu tudo bem, ela disse-me que se tivesse algum problema entravam em contacto", refere.
O pior é que não estava e, em março de 2020, começou a sentir-se "esquisita" e com "um cansaço estranho" e hemorragias. Já em agosto decidiu voltar ao centro de saúde, voltou a ser vista pela sua médica, que lhe passou uma série de exames e que estavam "normais". Em novembro, foi parar às urgências do CHTV. Quem a atendeu, garante, nem a observou.
Farta da situação, no final de dezembro, decidiu ir a uma médica privada que lhe disse "que não estava bem". No início de janeiro, fez novos exames, e no mês seguinte descobriu que tinha um cancro no colo do útero de grandes dimensões. Foi a própria médica que a mandou para as consultas externas do hospital de Viseu. Depois foi encaminhada para Coimbra, onde fez, entre março e maio deste ano, quimioterapia e radioterapia. "Se fosse mais pequeno e simples era operável. No meu caso não era", afirma.
"Não me podem dizer no centro de saúde que me avisam se tiver alguma coisa e depois não me contactam. Também não recebi qualquer carta do hospital", assegura.
Hospital diz que mandou
Ao JN, o CHTV adianta ter recebido em agosto de 2019 um pedido de consulta para Susana Gomes, tendo agendado a mesma para o mês seguinte. "A convocatória foi feita via carta, mas a consulta não se realizou por falta de comparência da utente", explica.
O hospital diz não ter qualquer responsabilidade no extravio da convocatória enviada por carta, "mas já melhorou o processo de comunicação e as convocatórias são complementadas por SMS".
Apesar de descartar responsabilidades, "vai ser aberto um inquérito ao caso", revela o CHTV.