O antigo Palácio Hotel vai ser demolido para dar lugar a um condomínio de luxo. As primeiras imagens do projeto foram reveladas pelo presidente da Câmara. Vítor Costa diz que se resolve “um problema com 56 anos” e lembra que o velhinho hotel cor-de-rosa não tem “nenhum interesse arquitetónico”.
Corpo do artigo
“Foram, ao longo dos anos, tentadas várias soluções, sobretudo para manter a vocação hoteleira. Nunca houve nenhum investidor que quisesse assumir”, explicou o edil, lembrando que o hotel está fechado desde 1969 e, ao abandono, há mais de 40 anos.
No início deste ano, a Construções Monte Carlos – atual dona do imóvel – apresentou na câmara um projeto habitacional para o espaço, que previa a demolição integral do hotel. Em maio, anunciava no seu site “para breve” o “Edifício Coreto”.
O presidente da Câmara dizia não ter qualquer projeto aprovado. Apesar de o imóvel nunca ter estado classificado – nem a nível nacional, nem municipal –, mas dado o seu “reconhecido valor social e cultural”, Vítor Costa pediu ao Instituto para a Construção Sustentável da Universidade do Porto uma vistoria para avaliação estrutural do edifício. A conclusão foi clara: há risco iminente de derrocada e a manutenção do edifício, dado o seu estado de degradação, “não seria de todo viável”.
Agora, a 1 de junho, a vice-presidente, Sara Lobão, aprovou o projeto de arquitetura apresentado pela Monte Carlos.
No lugar do velhinho hotel, nascerá, assim, um edifício de rés do chão, três andares e cobertura, com 56 apartamentos (oito T1, 34 T2, 13 T3 e 2 T4). No rés do chão, do lado sul – de frente para os jardins da avenida Júlio Graça -, haverá lojas e, no cruzamento das avenidas Bento de Freitas e Baltazar do Couto será cedida uma fração ao município para criar uma “Vitrine Memória” com fotografias antigas do Palácio Hotel. O prédio estende-se, a norte, até à rua Independência da Guiné e, a poente, foram adquiridas, para além do hotel, mais duas casas, prolongando o condomínio até à antiga estalagem.
O projeto, do arquiteto Silva Garcia, prevê ainda a inserção do prédio na envolvente e a salvaguarda da memória do lugar, utilizando a mesma cor – o rosa -, ligando, assim, também o edifício ao vizinho Centro Municipal da Juventude (na esquina oposta).
Demolição já pode começar
Agora, aprovado o projeto de arquitetura, explicou o presidente da Câmara, o promotor pode submeter já o “projeto de estabilidade” e solicitar “a licença de demolição e escavações”. Vítor Costa espera que a obra avance “rapidamente”, até porque o antigo Palácio Hotel levanta, já há muito, questões de salubridade e segurança e serve de “casa” a muitos sem-abrigo.
“56 anos depois, e após todas as tentativas de requalificar o edifício e de ali ressuscitar um hotel falharem totalmente, é possível resolver um problema com um projeto de elevada solução urbanística e de qualidade no centro da cidade”, rematou.
133 anos depois
O Hotel da Avenida abriu portas no verão de 1887, quase em frente ao Casino – hoje Centro Municipal da Juventude. Nos anos 20, fez obras profundas e mudou o nome para Palácio Hotel. Em 1936, o Casino mudou-se para a vizinha Póvoa e o hotel foi definhando até fechar definitivamente em 1969.
Ao abandono há 40 anos
Abriu, pouco depois da revolução de Abril, para receber “retornados” das ex-colónias e, mais tarde, já nos anos 80, para albergar artesãos da Feira Nacional de Artesanato, mas as questões de segurança e degradação já eram mais do que muitas e, ainda nos anos 80, fechou de vez.
Projeto do Siza e hotel geriátrico
Em 2001, chegou a ter projeto de Álvaro Siza Vieira. Previa a demolição do hotel e a construção de uma nova unidade hoteleira, apartamentos e lojas. Nunca avançou. Em 2011, a Santa Casa anunciou para ali um hotel geriátrico. Nunca saiu do papel. Em 2023, o edifício foi vendido à Monte Carlos.