Patrícia Alves concluiu a missão este ano. “Vim por ele e com ele. Acompanhou-me no caminho”. Está entre os milhares de peregrinos reunidos para as celebrações de maio.
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Há um ano, com o pai hospitalizado em estado "muito grave", Patrícia Alves pôs-se ao caminho. Num ímpeto de fé, rumou a Fátima para pedir ajuda a Nossa Senhora, mas a peregrinação foi interrompida a meio, com a notícia da morte do progenitor. Este ano retomou a empreitada. Partiu na madrugada de sexta-feira de Bobadela, Loures, e chegou ao Santuário na tarde desta segunda-feira, envergado uma “t-shirt” com a foto do pai, onde se lia "os anjos, às vezes, vêm disfarçados".
"Vim por ele e com ele. Acompanhou-me ao longo de todo o caminho. Acredito que o ajudei, porque ele partiu em paz", partilha a peregrina, de 45 anos, confessando que a parte difícil do percurso aconteceu ao passar no local onde soube da morte do pai. "Foi doloroso, mas, ao mesmo tempo, reconfortante. Percebi que precisava de prosseguir a caminhada, com a minha fé, por ele e por mim", conta a técnica de educação, que, na Cova da Iria, encontra "paz".
João Baptista Loureiro, empresário têxtil de Barcelos, fala de Fátima como o local lhe dá "força" para o dia a dia. Conta que fez a primeira peregrinação em 2007, numa fase da vida em que a Igreja lhe dizia pouco. "Vim para me testar, ver se aguentava. Mas, as emoções que vivi no caminho e em Fátima, mudaram-me", assume o empresário que, desde então, visita a Cova da Iria todos os anos, "sempre sem promessa" e dando apoio a grupos peregrinos.
Presença habitual em Fátima - "vamos todos os meses" - Vítor Machado, de 65 anos, e Laura Serafim, de 66 anos, de Parede, Cascais, chegaram à Cova da Iria a 24 de abril, três dias após a morte do Papa, na expectativa de que houvesse alguma homenagem a Francisco. Estão, desde a manhã de domingo, a guardar lugar no topo do recinto de oração. Nas grades penduraram um póster com imagem de Francisco e uma das frases que marcou o seu pontificado - "todos, todos, todos". "É a nossa singela homenagem", refere Laura Serafim, que espera que o novo Papa dê continuidade ao legado do seu antecessor, nomeadamente, à linha de inclusão e de defesa dos mais frágeis.
Francisco lembrado
Francisco, que esteve duas vezes na Cova da Iria, foi também lembrado pelo bispo de Leiria-Fátima, José Ornelas. "A sua presença na Igreja marcará certamente a nossa geração e deixará um raio na história da própria Igreja", afirmou o prelado na conferência de imprensa que marcou o arranque desta peregrinação.
Na ocasião, o bispo expressou ainda o desejo de que novo o Papa possa visitar Fátima. Após a eleição de Leão XIV, o bispo emérito da diocese, António Marto, revelou que o convidou a visitar a Cova da Iria "num momento oportuno". "Será uma enorme alegria", diz José Ornelas.