O sossego de seis pessoas vai acabar quando estiver concluído o IC32, que passará rente às duas casas que habitam em Pinhal de Frades, Seixal. Pertencem todas à família Silva, que exige ser expropriada ou indemnizada por perda da qualidade de vida.
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"Vai ser uma tortura. Por mais que tentem minimizar os impactos, não vão conseguir", queixa-se Sílvia Bento, numa referência ao ruído causado pela passagem estimada de mais de 21 mil carros por dia.
"A qualidade de vida vai baixar bastante. Estamos muito indignados", afirma, aguardando apenas que a obra comece para recorrer à justiça.
"Iremos até às últimas consequências", avisa, pretendendo depois "ir viver para longe" do lote 4174 onde reside com o marido e dois filhos, paredes meias com a vivenda dos sogros, o número 4172, que será a mais afectada. Isto porque por confirmar está a expropriação ou não de 16 metros quadrados do quintal.
"Eu vivo na dúvida", diz José Silva, de 64 anos, lamentando já não poder desfrutar ali da reforma com a mulher.
"Não há ninguém que consiga viver com uma auto-estrada a oito metros", alerta, acrescentando que o valor da sua casa vai cair para metade. "O que quero é a expropriação ou uma indemnização", remata.
A Câmara Municipal do Seixal tem estado a acompanhar o processo. "Tentámos várias vezes uma resposta positiva da concessionária, mas tal não foi possível", assegurou ao JN o vereador das acessibilidades, Joaquim Santos, frisando que "as pessoas vão ficar com a sua qualidade de vida afectada".
O autarca considera que "seria possível uma solução de traçado mais para Sul que afastasse a via das habitações" e promete, por isso, continuar a pressionar a Estradas de Portugal.
Fonte da concessão Baixo Tejo, que vai executar os 22 quilómetros que vão ligar Coina, no Barreiro, ao Funchalinho, em Almada, disse ao JN que nestes dois casos não há lugar a expropriações. "Não é necessário afectar estas propriedades para a realização dos trabalhos", esclarece.