Quinze cidadãos romenos tiveram de sair do concelho de Idanha-a-Nova, distrito de Castelo Branco, dado o alarme social gerado e a queixa do presidente da Câmara de que não tinha sido contactado acerca da chegada do grupo.
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Os romenos não conseguiram entrar em Espanha, onde tinham trabalho, tentaram ir pelo Alentejo, depois pelo Algarve e estavam a tentar seguir rumo através de Idanha-a-Nova, concelho que faz fronteira com o país vizinho.
O grupo terá chegado a Portugal no sábado, 25 de abril, aterrando no aeroporto de Lisboa, tendo como destino uma propriedade em Espanha, onde já era esperado. De acordo com o jornal algarvio "Barlavento", os cidadãos romenos deslocaram-se para a fronteira do Caia (Elvas), mas foram "barrados" pela Guardia Civil espanhola, uma vez que não tinham a documentação necessária.
Sem desistir, os imigrantes rumaram a sul a pé, tentando entrar de novo em Espanha pela ponte de Castro Marim, já no Algarve. Uma vez que a entrada lhes foi novamente negada pelas autoridades espanholas, a autarquia de Castro Marim alojou-os no pavilhão municipal, assegurando-lhes alimentação e condições de higiene.
Entretanto, acrescenta aquele semanário, o município algarvio realizou testes à covid-19 e todos os cidadãos romenos acusaram negativo. Chamada a intervir, a embaixada da Roménia em Portugal tomou então conta da situação, com a Câmara de Castro Marim e a Associação Romena de Aldeia de Santa Margarida.
Foi esta associação, sediada em Aldeia de Santa Margarida, em Idanha-a-Nova, que contactou o alojamento rural de São Miguel D'Acha, no mesmo concelho idanhense. "Depois deste contacto e visto não existir alojamento e ser preciso uma solução urgente, falámos com as entidades oficiais - Proteção Civil, GNR, Junta de Freguesia de São Miguel D'Acha -, que não se opuseram à vinda do grupo sobre o qual nos deram informação que estavam todos negativos quanto à covid-19, o que se veio a confirmar", conta ao JN Carina Pereira, proprietária do conjunto de casas para alojamento.
O grupo acabou por ficar apenas dois dias. Dado o alarme social gerado, a Câmara de Idanha tomou uma decisão que culminou na saída do romenos do concelho. A autarquia, presidida por Armindo Jacinto, que durante este domingo não atendeu o telemóvel, emitiu um comunicado no qual se queixa de não ter sido previamente contactado, alegando que também a Junta de Freguesia de São Miguel de Acha não foi.
"O facto de não terem comunicado previamente a chegada destes cidadãos, não estando em causa a sua nacionalidade, inviabilizou uma resposta atempada e articulada entre as entidades locais. Nomeadamente não nos foi possível garantir o cumprimento das regras de isolamento social, destinadas a todos os que chegam ao nosso concelho, vindos de outras partes do país ou do mundo", lê-se no comunicado.
Com algum alarmismo nas gentes do concelho e, principalmente, da freguesia de São Miguel d'Acha, a Câmara decidiu promover também novos testes covid-19 ao grupo, que atestou os resultados negativos, e colaborar, juntamente com a GNR, no regresso ao seu país. "Após a realização de testes de despiste de covid-19 (feitos no sábado, 2 de maio), os 15 cidadãos romenos foram transportados para o aeroporto de Lisboa, por indicação e em articulação com a embaixada da Roménia em Portugal. O transporte foi inclusivamente feito num autocarro do município de Idanha-a-Nova". Segundo apurou o JN junto de fonte do Ministério da Administração Interna, o grupo deixou o país logo no sábado,
A empresária de turismo que acolheu o grupo relata com pena que "os factos" tenham seguido em sentido contrário. "Eles estavam à procura de um rumo na vida e fomos solidários, mas enfim, as coisas não correram assim tão bem depois, não por culpa dos romenos. Deixaram os alojamentos impecáveis", termina.
O pagamento da estadia, segundo o acordado, foi feito pela Associação Romena "Bizantina", com a qual não foi possível contacto.