<p>“Arte do diabo”. Daniel Neto tinha na ponta da língua a explicação que encontrou para o inexplicável acidente que ontem levou a vida de um septuagenário numa aldeia de Monte Córdova, Santo Tirso. </p>
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Ao JN, o proprietário de uma mercearia no lugar de Santa Luzia, junto à qual tudo aconteceu, pelas 10 horas, contou que Manuel Monteiro, cliente há muito conhecido, fora colhido pela carrinha do fornecedor de sacos de plástico quando este fazia uma manobra em marcha-atrás, para inverter o sentido em que circulava.
Pelas contas do merceeiro, o homem terá sido arrastado cerca de 10 metros. Alguns relatos referem que estaria de costas para a viatura.
Segundo o JN apurou, o condutor chegara de Santo Tirso pela EN 319, tendo virado para a Rua da Fundação, no sentido de Redundo, e parado a carrinha (alta e de caixa fechada, sem vidros traseiros ) junto à mercearia, logo à entrada daquela artéria, deixando-a a trabalhar.
“Vinha perguntar se eu precisava de sacos. Hoje, por arte do diabo, não precisava. Ele disse ‘pronto, bom negócio’. E saiu”. Porém, o vendedor voltaria a entrar pouco depois, pedindo uma ambulância e dizendo que estava um homem caído no chão e que julgava ter-lhe “dado um toque”.
A teoria do condutor seria confirmada. “Ele fez marcha-atrás para voltar para Santo Tirso, e só deu por ela quando estava a entrar na outra faixa para ir para lá. Não viu que o senhor estava atrás porque a carrinha é alta e, como ele devia estar muito perto dela e a meio, não aparecia nos espelhos [retrovisores]”.
O condutor só terá visto a vítima quando se preparava para retomar a estrada para Santo Tirso. De acordo com relatos ouvidos no local, a carrinha terá arrastado Manuel Monteiro, de 78 anos, desde o entroncamento com a Rua Escura até ao limite da Rua da Fundação, quase a chegar à estrada, num total de perto de uma dezena de metros.
O idoso não resistiu aos ferimentos e faleceu no local, apesar das manobras de reanimação feitas pelo INEM e Bombeiros Tirsenses.