Diocese do Porto disponibiliza equipas multidisciplinares para ajudar a resolver problemas dos casais e não só.
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A Diocese do Porto criou há pouco mais de quatro anos um projeto para ajudar famílias, ou pessoas a título individual, a resolver situações de crise. Dos desentendimentos entre os membros do casal ao consumo de álcool ou drogas, há todo um universo de problemas que podem ser mediados pelos profissionais que estão ao serviço da Rede de Acolhimento Familiar.
Há desde logo uma certeza: o anonimato. Luís Lima, membro do Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar, refere ao JN que esta reserva é intencional, porque muitas famílias "têm dificuldades em abrir-se e em expor os seus problemas". Muitas vezes, por vergonha.
Reforça que "as pessoas têm de estar protegidas" e esse cuidado estende-se aos técnicos envolvidos. Por isso, não há registo de identidades nem há números que permitam aferir quantas pessoas já beneficiaram deste apoio.
O responsável adverte que "a rede não está preparada para resolver problemas económicos". No entanto, pode ajudar na gestão e na manutenção do "equilíbrio financeiro" das famílias.
Entre as situações mediadas desde dezembro de 2018, quando a rede foi criada, o "relacionamento no casal" figura como um dos problemas mais comuns. Questões ligadas a partilhas, que requerem apoio jurídico, ou dificuldades na educação dos filhos também podem desencadear crises. Tal como a prostituição ou o alcoolismo.
Quanto à procura de ajuda, é transversal, segundo Luís Lima: "Os problemas aparecem em todos os meios. Mesmo as famílias mais bem formadas têm problemas".
O trabalho da Rede de Acolhimento Familiar da Diocese do Porto é desenvolvido por equipas multidisciplinares, constituídas por párocos, juristas, médicos, psicólogos, mediadores de conflitos e, ainda, casais experientes e que estejam envolvidos em grupos de trabalho, como é o caso dos que participam na preparação de jovens para o casamento.
Segundo Luís Lima, "há vigararias que ainda não estão totalmente cobertas", ou seja, as equipas não dispõem de todos os profissionais referidos. Contudo, a rede está em fase de consolidação e o objetivo é formar grupos completos nas 22 vigararias da Diocese.
Por questões de proximidade e confiança, quem precisa de ajuda pode falar com um pároco, que, se não fizer parte da rede, saberá como encaminhar os pedidos. O contacto pode também ser feito por telefone, através do número 966719477.
No caso de apoio jurídico, a primeira orientação é gratuita, mas poderá haver custos nos procedimentos subsequentes. Outro aspeto a ter em conta é que este projeto não responde a situações de procura de emprego.
A rede é dinamizada pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar e está espalhada por toda a Diocese, que engloba 26 concelhos dos distritos do Porto, Aveiro e Braga. Segundo Luís Lima, foi criada na sequência das preocupações do Papa Francisco, "que dá uma atenção muito especial às famílias".