Há um investidor interessado nas travessias. Câmara elaborou plano de mobilidade com estratégias para incentivar modos de deslocação ativos.
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Há duas novas ligações fluviais na calha para facilitar o acesso às praias de Ílhavo, que poderão alterar a mobilidade no concelho e até afastar a construção de um atravessamento equacionado no Plano de Mobilidade Urbana Sustentável (PMUS). Este documento, que deverá ser discutido hoje em sede de Assembleia Municipal, prevê também diversas intervenções para fomentar os modos ativos, incluindo a criação de uma "via rápida ciclável" para a Barra.
O PMUS de Ílhavo, um documento elaborado com a participação da comunidade para “orientar” a estratégia do município na área da mobilidade até 2035, prevê, entre as várias ações a implementar, um “atravessamento sobre a ria de Aveiro, entre a praia da Barra e o Jardim Oudinot, na Gafanha da Nazaré, para uso exclusivo de modos ativos, com uma extensão aproximada de 250 metros”, que poderá custar cerca de 5,45 milhões de euros. Mas ao JN, o vice-presidente da Câmara, João Diogo Semedo, diz que há outras soluções a curto prazo que são menos onerosas, como ligações fluviais, que podem dar a mesma resposta à passagem rápida de peões e bicicletas.
A ponte teria de ser “móvel, não poderia estar permanentemente a impedir a passagem de veleiros ou outras embarcações”, explicou o autarca, recordando o trabalho desenvolvido para remover a linha de média tensão sobre o canal, para permitir a passagem de veleiros. Seria “um investimento muito caro”, ao passo que as ligações fluviais permitiriam dar uma resposta a mais “curto prazo”, acrescentou.
Retirar pressão
Neste momento, o município tem um investidor privado interessado em explorar, para fins turísticos, duas novas ligações fluviais no Canal de Mira: uma entre o Jardim Oudinot (no Forte, onde atraca o ferry da Câmara de Aveiro que faz ligação a São Jacinto) e a Barra e, a outra, entre a “Bruxa” (onde o investidor terá cais) e a Costa Nova, num local onde no passado já existiu uma operação deste género.
Para a travessia Oudinot/Barra será necessário, além da criação de cais do lado da Barra, o aval do Porto de Aveiro, que tem jurisdição sobre a área. No caso da travessia Bruxa/Costa Nova, o problema de jurisdição não se coloca.
A reativação da ligação fluvial entre o Cais da Bruxa e a Costa Nova do Prado, na Gafanha da Encarnação, numa ligação de cerca de um quilómetro, já está, aliás, prevista no PMUS, que aponta a medida como uma “forma a retirar a pressão que existe atualmente, criada pelos vários modos de transporte na Ponte da Barra (final da A25), sendo a única travessia existente dentro do território de Ílhavo para chegar à Praia da Barra e Costa Nova do Prado”. A solução implica a construção de cais e dragagem do canal.