Imigrantes timorenses apresentam queixa à PSP contra circo Soledad Cardinali
Nove imigrantes timorenses apresentaram queixa à PSP contra o circo Soledad Cardinali, que está instalado em Matosinhos, por alegada falta de pagamento do montante total que foi acordado pelos dias em que estiveram a trabalhar.
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O JN apurou junto de fonte do Comando Metropolitano do Porto que a PSP foi chamada ao local onde o circo está instalado, na Rua de Sendim, pelas 11 horas deste domingo. Segundo os queixosos, o dono apenas terá pago uma parte do vencimento e terá dito que já não os queira como funcionários, pelo que foram embora.
Por outro lado, a queixa refere que o proprietário teria ainda assumido o compromisso de lhes pagar alimentação e Internet e teria prometido um contrato de trabalho depois de os timorenses estarem um mês à experiência.
Fonte da Câmara de Matosinhos referiu ao JN que a Segurança Social terá sido acionada logo no domingo no sentido de providenciar refeições quentes e alojamento para pernoita aos referidos trabalhadores. Entretanto, o JN soube que cinco deles seguiram para Leiria ainda no domingo e que os restantes dormiram no quartel do Regimento de Sapadores Bombeiros do Porto, de onde seguiram para o Fundão na manhã desta segunda-feira, depois de tomarem o pequeno-almoço.
Joaquim Cardinali, proprietário do circo, disse ao JN que sempre os tratou bem. O empresário referiu-nos que contratou seis desses nove timorenses através da Câmara do Fundão e que os restantes acabaram por ir também trabalhar para o circo por serem familiares dos primeiros.
Ainda segundo Joaquim Cardinali, os timorenses foram contratados "à experiência, para montar o circo", por um período de 20 dias a um mês, em horário parcial, e que o vencimento seria de 600 euros. "Mas eles estavam sempre a pedir dinheiro para tabaco e para Internet", refere o responsável, acrescentando que lhes foi dando dinheiro, inclusivamente para comida, pelo que, neste domingo, já não iria pagar-lhes 600 mas, sim, 400 euros. Conta que não aceitaram e por isso chamaram a PSP.
"Inicialmente vieram do Fundão seis imigrantes à experiência. Depois, os que interessassem e quisessem ficariam a trabalhar connosco com contrato de trabalho. Destes, alguns pediram para dar abrigo a uns familiares que estavam a dormir na rua. Estivemos renitentes, mas, com pena deles, acabámos por ceder e deixá-los ficar. São de pouco trabalho, pediam dinheiro adiantado semanalmente, passavam horas ao telemóvel e a fumar", lê-se num comunicado que o responsável pelo circo nos enviou.
"Alertámos as autoridades para verificarem a veracidade dos factos e nas nossas instalações verificarem também o local onde estavam. Não escondemos nada, queremos o melhor para todos", refere a gerência do circo, garantindo que "estes imigrantes tinham todas as condições humanas como todos os outros funcionários e artistas, dormida e casas de banho, onde podiam tomar também o seu duche".
Ao JN, Joaquim Cardinali disse não ser verdade que tivesse assumido o compromisso de lhes pagar alimentação e Internet, como os timorenses referem na queixa. Por outro lado, afirmou-nos que na manhã desta segunda-feira tentou encontrá-los no quartel dos Sapadores, para pagar o restante dinheiro, mas já não os encontrou, pelo que vai tentar fazer o pagamento através de transferência bancária.
Ainda de acordo com a PSP, este tipo de queixas segue normalmente a via judicial, cabendo agora ao tribunal decidir se haverá uma investigação.