Os persistentes ventos de leste, a baixa humidade relativa do ar, uma mancha florestal densa, um terreno acidentado e a dificuldade nos acessos, dão corpo às preocupações dos bombeiros que estão a combater o incêndio que deflagrou às 12.35 horas desta sexta-feira, junto à localidade de Silvares, no concelho do Fundão.
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Os operacionais no terreno ao final da tarde já se aproximavam dos 500, mas o previsto é que cheguem aos 600 durante a noite. Aumenta o número de homens e meios terrestes (mais de 120), dado que diminui a janela de tempo que permite a atuação dos meios aéreos, que chegaram a ser 12 no teatro de operações, incluindo um helicóptero Kamov (com maior capacidade e maior precisão nas descargas).
A Estrada Nacional 238 foi cortada, entre Lavacolhos e o cruzamento com a Estrada Municipal 514, antes de chegar a Silvares, para dar espaço de manobra aos meios de socorro e combate.
A preocupação dos operacionais estende-se à população e aos autarcas. Miguel Gavinhos, vice-presidente da Câmara do Fundão e coordenador do Serviço Municipal de Proteção Civil, em declarações ao JN, confirmou que as variáveis mais preocupantes se mantêm (vento, humidade, acessos), mas confia que os esforços focados na cabeça do incêndio, no limite da freguesia de Silvares com São Martinho, e as sete máquinas de rasto que estão a tentar travar a progressão das chamas, consigam atingir os resultados pretendidos.
Mas este responsável está consciente da dificuldade, sobretudo com a saída dos meios aéreos de cena, após terem aproveitado até ao último minuto de luz.
Ao final da tarde, as chamas contornaram a vila de Silvares, não tendo até ao momento colocado casas em risco, “mas a população está apreensiva porque está a olhar para o fogo de frente”. Miguel Gavinhos destaca ainda “a diferença que estão a fazer as faixas de gestão de combustível, sobretudo a faixa dos 100 metros em redor do perímetro urbano”.
A principal preocupação, dada a orientação do vento, “é no alto de Silvares, em direção à freguesia da Barroca”, mas, reitera, “a esperança é, com as faixas de contenção que estão a ser feitas, se consiga travar a sua progressão e, com a baixa de temperatura, extingui-lo durante a noite”.
O último grande incêndio que devastou esta zona do distrito de Castelo Branco data de há quase 20 anos (entre 2003 e 2005), pelo que o material combustível nesta floresta densa, que foi em tempos considerada a maior mancha de pinhal contínua da Europa, não facilita o combate.
Com igual preocupação, mas sem risco iminente de serem apanhados por este incêndio, estão os concelhos de Pampilhosa da Serra e Oleiros, pois o vento está a encaminhar as chamas para o local onde os três concelhos se encontram.
Miguel Marques, presidente da Câmara Municipal de Oleiros, avança ao JN que “não há ainda o risco iminente do concelho ser atingido pelas chamas, mas dada a intensidade do vento, Oleiros está já de prevenção, com os bombeiros locais e máquinas de rasto, bem como com as equipas da Pampilhosa, e já houve autarcas vizinhos a oferecer ajuda, nomeadamente com mais máquinas de rasto, mas a esperança é que não seja necessário e o fogo ceda durante a noite”.