Cerca de 250 trabalhadores pedem intervenção urgente do Governo. Assembleia de credores adiada para estudar propostas.
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O telemóvel de Justina Lopes, delegada do Sindicato Têxtil da Beira Baixa na Dielmar, empresa de Alcains, Castelo Branco, que abriu falência em agosto com 174 trabalhadores, não parou de tocar mal saiu do Tribunal do Fundão, onde, na tarde de quarta-feira, os credores de quase 17 milhões de euros decidiram adiar o futuro desta unidade de alfaiataria.
A Dielmar abriu insolvência a 2 de agosto com 245 trabalhadores (a lista diminuiu devido a contratos a termo ou rescisões). As colegas de Justina queriam saber notícias do considerado "Dia D".
Reunidos em assembleia, os representantes de cerca de 300 credores suspenderam os trabalhos para serem retomados no próximo dia 26, indo ao encontro do que desejam os promotores das duas propostas para a viabilização da empresa que constam do relatório elaborado pelo administrador de insolvência, João Gonçalves.
"Pretendem mais tempo para consolidar as respetivas propostas nomeadamente quanto à segurança de financiamento por parte da Banca", referiu durante os trabalhos aquele responsável.
Esperar para decidir
Tal como JN noticiou na segunda-feira, chegaram a João Gonçalves, para além destas propostas, mais duas manifestações de interesse que pediram anonimato. Assim, e apenas com reticências manifestadas pelo banco BIC - que considera que é "adiar o inevitável"-, todos os restantes credores, incluindo a advogada de 124 trabalhadores, vão esperar para decidir por uma proposta de viabilização ou pelo fecho imediato da fábrica e consequente caducidade dos contratos de trabalho. E ontem foi repetido pelo administrador de insolvência que "as propostas referem que as operárias são um importante capital da empresa", criada em 1965.
No âmbito do Apoio Extraordinário à Retoma Progressiva, os salários de agosto e setembro foram pagos. Relativamente aos de outubro, todas as propostas garantem o pagamento, só não se sabendo quando.
"Apelamos ao Ministério da Economia para que sejam estudadas formas de garantir o salário dos trabalhadores enquanto são apresentadas soluções mais sustentadas para a retoma da atividade na Dielmar", considera a presidente da Direção do Sindicato dos Têxteis da Beira Baixa.
Anabela Leitão foi a única trabalhadora que falou na assembleia. "Não queremos ficar sem o nosso emprego, mas há pessoas que não podem ficar sem este ordenado. Há medidas para acudir?". O administrador de insolvência foi claro. "Que tenha conhecimento, não. A empresa não tem liquidez para os 200 mil euros que representa pagar este mês", respondeu.