Após um ano em que praticamente não vendeu miolo para as doçarias das festividades pascais devido à covid, espera-se alguma retoma mas aquém da era pré-pandemia.
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As empresas de comércio e indústria de amêndoa têm os holofotes apontados para a Páscoa, pois esperam que a época festiva desencrave de vez os negócios depois de o ano passado ter sido "praticamente a zero nas vendas para este nicho", garantiu Joana Araújo, gestora da Amendouro, uma das maiores fábricas de laboração de frutos secos do país, localizada em Alfandega da Fé.
A responsável referiu que este ano "já se vendeu mais qualquer coisa", mas admitiu que ainda se está longe do volume de negócios anteriores às páscoas pré-covid.
"Está toda a gente a ver como vai correr a Páscoa em termos de vendas. Muitas confeitarias e fábricas tradicionais de amêndoa coberta ainda têm stocks de 2020 e 2021, porque como, nesses dois anos, os híperes e supermercados venderam muito menos, fizeram a recolha dos produtos, que agora têm disponíveis para voltar a colocar nas prateleiras", explicou.
Em Portugal, o setor ainda vive dos picos das vendas de amêndoa para as quadras festivas, principalmente a Páscoa, que se destinam a pastelarias, confeitarias e indústria dos doces baseados neste fruto seco. É uma das esferas mais representativas, daí a espectativa da indústria. "Nesta Páscoa vamos tirar as teimas e ver se há ou não retoma, mas estamos a vender menos do que antes da covid-19", acrescentou a empresária.
A crise pandémica, nomeadamente o período de confinamento que coincidiu com a Páscoa, ditou o fecho de pastelarias e teve impacto na realização de festas familiares. "Face a 2021, podemos dizer que metade das vendas de antes da pandemia já se recuperaram. Mas o mercado da pastelaria funciona mais próximo da Páscoa e ainda não sabemos se as vendas sobem ou não, mas só pode ser melhor do que 2021", referiu.
A Amendouro labora cerca de dois milhões de quilos de miolo de amêndoa por ano, com um volume de faturação de nove milhões de euros. Entre 30% e 40% deste fruto seco, em casca, é importado dos Estados Unidos da América e da Austrália, porque é mais barato.
Na moda
"O nosso volume de negócios é dividido entre o mercado interno e o externo. No ano passado não tivemos quebras nas vendas gerais, porque outros nichos compensaram a Páscoa. Os frutos secos estão na moda e são associados a consumos saudáveis", afirmou.
Este aumento da procura de amêndoa tem contribuído para a revitalização da fileira agrícola. "O amendoal esteve abandonado, mas agora volta a estar em alta. Trás-os-Montes ainda é a principal região produtora, mas o Alentejo vai rapidamente superá-la por causa da água do Alqueva que permite a cultura extensiva", descreveu a empresária.