Instituto da Universidade de Lisboa recusa dar aulas virtuais mas continua a cobrar propinas
Os alunos do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade de Lisboa estão "extremamente indignados" por ter sido recusada a proposta de terem aulas virtuais, ao mesmo tempo que as aulas presenciais estão proibidas e lhes continuam a cobrar propinas.
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Numa carta enviada pelos alunos Manuel Meirinho, presidente do Instituto, os estudantes referem que não concordam com a recusa do ISCSP dar aulas à distância com recurso a tecnologias, numa altura em que as aulas presenciais estão suspensas.
A missiva, a que o JN teve acesso, foi enviada a Manuel Meirinho com conhecimento da Reitoria da Universidade de Lisboa, Ministério da Educação, Direção Geral do Ensino Superior e Provedor de Justiça. Nela, os estudantes dão conta da "frustração em relação às decisões do Instituto e da sua direção", uma vez que se encontram "a ser prejudicados devido às decisões insensatas".
Neste momento, referem os alunos na missiva, "existem inúmeras faculdades públicas e privadas a lecionar os alunos à distância, utilizando plataformas de ensino online". Algumas até fazem parte da Universidade de Lisboa, à semelhança do ISCSP, que recusa as aulas à distância. Para além disso, os alunos dizem-se "extremamente indignados" pelas alterações ao método de avaliação, que passam a ser apenas com exames.
Ao abrigo de anonimato, uma das alunas comunicou ao JN a revolta que sente: "A universidade não permite o ensino online, não temos matéria para estudar, disseram nos para adquirirmos conhecimentos de forma autónoma e foi proibido fazer-se chats com os professores por ser mau para a plataforma, causa constrangimentos na mesma". Ao mesmo tempo, diz a aluna, "continuam a exigir propinas".
"Incentivos ao autoestudo"
Questionada pelo JN, a direção do ISCSP fez saber que não ativa o sistema de aulas à distância devido a limitações de "nível técnico, pedagógico e científico". Ou seja, falta "a necessária preparação do corpo docente, a existência de condições para que, fora do local de trabalho, os docentes possam operar tal ensino, bem como os requisitos de acesso de todos os estudantes à formação, entre outros requisitos associados ao rigor e eficácia do processo", refere Manuel Meirinho, presidente do ISCSP.
Atualmente, diz ainda Manuel Meirinho, o ISCSP está a funcionar com uma "componente de apoio formativo aos alunos com base na plataforma Moodle". Esta é uma plataforma virtual para onde são descarregados os conteúdos das aulas para os alunos estudarem em casa.
Assim, ao contrário da maioria das universidades do país e das próprias indicações de Manuel Heitor, ministro do Ensino Superior, o ISCSP "dá prioridade à preparação e disponibilização de incentivos ao autoestudo".